Pe. Claudio Pighin

Qual é a esperança que a igreja oferece ao povo hoje?


Todo mundo sabe, exceto aqueles que ignoram a história, que a Igreja marcou profundamente sua história, com o testemunho da caridade, sobretudo com os mais pobres e doentes. Estamos vivendo agora tempos difíceis e marcados pelo medo. Temos medo por esta pandemia que toma conta do pequeno planeta terra. Temos medo pelo futuro incerto e tantas limitações que estamos passando. Portanto, a insegurança presente e o futuro incerto nutrem medo e enfraquecem a esperança.

É evidente que, para vencer tudo isso, precisamos combater o egoísmo e superar o individualismo que tanto nos sufoca. Perante um cenário como esse, como o cristão deve agir? Temos muitas tentações a respeito, mas sobretudo aquela de se deixar atrair por uma espiritualidade que pretende se refugiar numa salvação como bem-estar individual. Estamos na presença de uma crença em um Deus único, supremo, mas personalizado e providencial. Assim sendo, parece que estamos diante de um Deus energia, de um moralismo proveniente da antropologia, a salvação como paz e tranquilidade do coração.

Nestas posições bem individuais, a verdadeira esperança some e, principalmente não pode ser cristã. Por quê? A esperança é para todos ou não é? Se espera por todos ou não? A esperança como os cristãos não pode se fechar no egoísmo. Então, surge a pergunta: qual é a esperança que se anuncia na nossa missão cristã? Creio firmemente que Jesus Cristo nos dá essa resposta. Vivendo o seu ensino e testemunho, fica evidente que aquela atenção que deu para os últimos, os doentes, os sofredores, os opressos é uma ação de grande amor.

Aquela cruz tão horrível é a profunda ação de amor totalmente doado para toda a humanidade. Assim sendo, a esperança se determina nesse imenso amor para todos. Jesus viveu e morreu não para alguns, mas para todos. Por isso, a verdadeira esperança cristã se fundamenta além do próprio “eu”. Uma esperança que se baseia no amor não tem limites de ir ao encontro de pessoas, de espaço e de tempo. Esse amor não pode terminar, mas dar a esperança da grande perspectiva da grandeza da vida.

E a ressurreição de Jesus é a resposta definitiva que o seu amor para a humanidade não foi em vão, não foi tempo perdido, mas, pelo contrário, revelador de VIDA. E a esperança que devemos propor, para todos e sempre, é que o Amor está acima da morte. O Amor de Jesus é mais forte que a mesma morte. É essa a esperança que devemos anunciar e testemunhar. As pessoas estão sedentas disso, dessa esperança forte que abranja o mundo todo. De saber que a nossa humanidade é projetada além do quotidiano.

Isto caracteriza o grande impulso missionário. Perante tantos problemas e indiferenças em relação a Deus e a Igreja, vamos testemunhar a Esperança que se centraliza em Jesus Cristo. Uma Esperança que nos sustenta e dá coragem na nossa peregrinação terrena de ir sempre ao encontro do outro para ouvi-lo e se solidarizar com ele: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo.” (Jo 15,12)