Pe. Claudio Pighin

Senhor, eu vos chamo, vinde logo em meu socorro


O salmo 140 das Sagradas Escrituras é uma súplica incessante do fiel ao Deus da vida. O salmista revela como a oração se torna uma essencial comunicação do ser humano com o Senhor. Uma oração que envolve todo o ser humano e é articulada até pelos componentes do seu corpo: mãos estendidas, boca, coração, cabeça: “Senhor, eu vos chamo, vinde logo em meu socorro; escutai a minha voz quando vos invoco. Que minha oração suba até vós como a fumaça do incenso, que minhas mãos estendidas para vós sejam como a oferenda da tarde. Ponde, Senhor, uma guarda em minha boca, uma sentinela à porta de meus lábios.”

O fiel está preocupado de não se deixar atrair pelo mal, saber resistir a tudo que possa conduzi-lo a se opor à ação de Deus na sua vida. Uma existência com Deus e não sem Ele. O autor descreve que a solidariedade com os perversos e, portanto, com o mal é representada pelos festins: “Não deixeis meu coração inclinar-se ao mal, para impiamente cometer alguma ação criminosa. Não permitais que eu tome parte nos festins dos homens que praticam o mal.” Assim sendo, o fiel está pronto para assumir como uma autopunição se for conivente com o mal. Mas ele, no entanto, desafiando os seus falsos amigos proclama, grita a sua inocência: “Se o justo me bate é um favor, se me repreende é como perfume em minha fronte. Minha cabeça não o rejeitará; porém, sob seus golpes, apenas rezarei.”
A imagem do óleo perfumado, típica oferta para um hóspede de respeito, se costumava fazer. E justamente o justo não se deixa levar pelo óleo dos malvados para se tornar conivente deles. E nesse sentido o fiel demonstra toda a sua fidelidade em não se deixar corromper por esses perversos para não ser excluído da assembleia de Israel. A fidelidade, portanto, mantem o fiel longe das tentações do mal. E a partir dessa colocação proclama uma maldição contra esses perversos e corruptos: “Seus chefes foram precipitados pelas encostas do rochedo, e ouviram quão brandas eram as minhas palavras. Como a terra fendida e sulcada pelo arado, assim seus ossos se dispersam à beira da região dos mortos.”

É evidente que essa fidelidade do justo fiel é firme, parecida a uma rocha que mantem a estabilidade do solo. Por tudo isso, Deus o abençoa e, no entanto, o ímpio, o malvado, é destinado à total falência e desespero. E o salmo conclui: “Pois é para vós, Senhor, que se voltam os meus olhos; eu me refugio junto de vós, não me deixeis perecer. Guardai-me do laço que me armaram, e das ciladas dos que praticam o mal. Caiam os ímpios, de uma vez, nas próprias malhas; quanto a mim, que eu escape são e salvo.”

Portanto, as ciladas dos perversos não têm futuro. Essas ciladas serão desmascaradas e derrotadas. E o papa Francisco falou no dia 24.02.2019: “Jesus nos assegura que nosso comportamento, marcado pelo amor para com aqueles que nos fazem mal, não será em vão. Ele diz: ‘Perdoai e sereis perdoados. Dai e vos será dado porque, com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medido’”.