Pe. Claudio Pighin

Só ele, o altissimo!


O salmo 82, das Sagradas Escrituras, é uma preocupação e lamento de Israel porque os inimigos estão se organizando para ataca-lo. E essas tramas de inimizades, de guerra, estão se tornando cada vez mais consistentes contra ele. Por isso, invocam ajuda ao próprio Deus, o Altíssimo. Leia atentamente o que diz o salmo das Sagradas Escrituras.

“Senhor, não fiqueis silencioso, não permaneçais surdo, nem insensível, ó Deus. Porque eis que se tumultuam vossos inimigos, levantam a cabeça aqueles que vos odeiam. Urdem tramas para o vosso povo, conspiram contra vossos protegidos. Vinde, dizem eles, exterminemo-lo dentre os povos, desapareça a própria lembrança do nome de Israel. Com efeito, eles conspiram de comum acordo e contra vós fazem coalizão: os nômades de Edom e os ismaelitas, Moab e os agarenos, Gebal, Amon e Amalec, a Filistéia com as gentes de Tiro. Também os assírios a eles se uniram, e aos filhos de Lot ofereceram a sua força. Tratai-os como Madiã e Sísara, e Jabin junto à torrente de Cison! Eles pereceram todos em Endor e serviram de adubo para a terra. Tratai seus chefes como Oreb e Zeb; como Zebéia e Sálmana, seus príncipes, que disseram: Tomemos posse das terras onde Deus reside. Ó meu Deus, fazei deles como folhas que o turbilhão revolve, como a palha carregada pelo vento. Como o fogo que devora a mata, como a labareda que incendeia os montes; Persegui-os com a vossa tempestade, apavorai-os com o vosso furacão. Cobri-lhes a face da ignomínia, para que, vencidos, busquem, Senhor, o vosso nome. Enchei-os de vergonha e de humilhação eternas, que eles pereçam confundidos. E que reconheçam que só vós, cujo nome é Senhor, sois o Altíssimo sobre toda a terra.”

O salmo inicia pedindo a Deus para não ficar surdo nem silencioso e insensível, porque os inimigos do povo, por Ele escolhido, estão conspirando contra ele. Querem acabar com ele, povo de Deus. Assim sendo, esses inimigos, no final, são também inimigos de Deus, querem cancelar o nome Dele da face da terra. Eles, os inimigos, são tão ousados em pretender se opor a Deus e elimina-Lo. Israel, então, apela fortemente a Deus para se fazer presente e destruí-los.

O povo de Israel não tem suficiente força para combatê-los. Quem são esses inimigos? São Edome os ismaelitas, Moab e os agarenos, Gebal, Amon e Amalec, a Filistéia com as gentes de Tiro e também os assírios a eles se uniram, e aos filhos de Lot. Perante todo esse poderoso bloco dos inimigos, Israel se opõe confiando na ação poderosa de seu Deus, como já tinha agido no passado dele.

Por isso, relembra as vitórias do passado que esmagou os seus inimigos. Por exemplo, o salmista recorda os povos que tentaram conquistar Israel: “Madiã e Sísara, e Jabin junto à torrente de Cison!”. O destino deles que foram mortos e serviram como adubo para a terra. Uma maldição, além do mais, porque não tiveram sepultura e reduzidos a pó pisado por todo mundo.
Assim se manifesta a poesia da invocação oriental e da guerra santa. Com tudo, Deus é o juiz supremo da história e todos os povos; no final, O buscarão como única verdade e salvação. Nos versículos 14-16, revela o juízo universal, representado pelas teofanias, isto é manifestação de Deus, que tem como símbolos “as folhas que o turbilhão revolve, como a palha carregada pelo vento. Como o fogo que devora a mata, como a labareda que incendeia os montes. Persegui-os com a vossa tempestade!”

Assim, Deus humilha os inimigos do seu povo, dos seus eleitos. Ninguém escapa de Deus. Assim sendo, o salmo 82 reflete que, através das provas da vida, fortalece-se a esperança em Deus, o Altíssimo, grande Mistério da vida, que vai além da nossa capacidade intelectual. E o papa Francisco falou a respeito no Angelus, oração dominical do meio-dia no Vaticano, no dia 20.08.2017:
“Aquela humilde mulher é indicada por Jesus como um exemplo de fé inquebrantável. Sua insistência em invocar a ação de Cristo é para nós um estímulo a não nos desencorajarmos, a não nos desesperarmos quando formos oprimidos pelas duras provas da vida. O Senhor não vira para o outro lado quando vê as nossas necessidades e, se por vezes pode parecer insensível aos nossos pedidos de ajuda, é para nos colocar à prova e fortalecer a nossa fé”.

Continuou o papa Bergoglio: “Ele pode nos ajudar a encontrar a direção quando perdemos a bússola de nosso caminho; quando a estrada diante de nós não é mais tão plana, mas áspera e árdua; quando é cansativo ser fiel aos nossos compromissos. É importante alimentar todos os dias a nossa fé, com a escuta atenta da Palavra de Deus, com a celebração dos Sacramentos, com a oração pessoal como um ‘grito’ para Ele, e com atos concretos de caridade com o próximo.”