Pe. Claudio Pighin

Uma notícia superficial pode até destruir uma pessoa


A palavra ética provém do grego que quer dizer moral. Portanto, é a ciência que tem como objeto os valores em relação à ação do ser humano, baseando-se, sobretudo, no comportamento dele. A ética em quanto normativa se apresenta ao ser humano como uma tarefa, um fim, um ideal para realizar um esforço positivo ou remover os obstáculos que a sociedade, a cultura e a tradição se opõem. Em outros termos, a ética é o conjunto de valores com os quais se pode formular juízos sobre o que é bom, correto ou não.

A ética, portanto, tem a capacidade de discernir valores: aqueles bons, daqueles ruins; aqueles corretos, daqueles errados; aqueles praticáveis dos impraticáveis. Por isso, existe um código deontológico na comunicação (por deontologia, explica-se, é a filosofia moral que individua e debate os deveres das condições profissionais). Este código não tira a liberdade dos jornalistas, dos profissionais que atuam na mídia em geral, mas é um sistema de coordenação para orientar a atividade de cada membro da categoria. É como se fosse um manual que individua o mínimo ético comum.
Isto não significa, repito, tirar o direito de manifestar livremente o próprio pensamento com palavras ou qualquer outro meio de difusão. Todos os que trabalham no campo comunicacional têm a obrigação de respeitar a verdade substancial dos fatos, observando os deveres impostos pela lealdade e pela fé. A presença da ética impõe, além do mais, a todos os jornalistas e editores a correção de eventuais notícias ditas de formas erradas, e a corrigir eventuais erros, e sobretudo a respeitar o segredo profissional sobre a fonte da notícia.

A liberdade da imprensa deve ser guardada como um direito inalienável dos cidadãos. Um famoso político executivo, que não quero citar o nome, dizia: “Prefiro publicar uma notícia velha amanhã no lugar de uma falsa hoje”. Neste sentido, podemos atingir a questão da privacidade que oferece uma proteção das informações pessoais que são conservadas de maneira legítimas nos arquivos das organizações públicas e privadas.

A privacidade não implica em esconder um terrível segredo. Ela não faz outra coisa, senão reconhecer a importância de não dar a qualquer um o poder de fiscalizar a vida dos outros para o respeito deles próprios, a dignidade pessoal e a segurança, a autonomia e a identidade, em geral, a integridade e a imunidade da pessoa. A privacidade não quer dizer ser sempre ligada a uma condição de vida de um indivíduo único, mas ela pode ser compartilhada entre indivíduos ou pessoas que tenham algo em comum.

Neste sentido, é de suma importância respeitar esta ação de privacidade porque não sabemos, na verdade, a realidade e assim poderíamos prejudicar a existência daqueles indivíduos. Respeitar a privacidade significa também reconhecer quanto é importante o ser humano, embora que nas maiorias das vezes não seja reconhecido. Na bíblia, encontramos na leitura dos salmos que diz “quem conhece o ser humano, senão somente Deus?”. A privacidade, portanto, na comunicação é um momento de respeito, porque na verdade não conhecemos a verdadeira situação. Às vezes, reproduzir um fato ou notícia de maneira superficial pode até destruir uma pessoa.