Ulisses Laurindo

Adhemar Ferreira da Silva (II)


Na história do esporte olímpico talvez não tenha havido um campeão mais badalado pelo público e mídia do que o atleta paulista Adhemar Ferreira da Silva, na prova de salto triplo, campeão nos Jogos de Helsinque, em 1952, quando, numa tarde, melhorou por quatro vezes, o recorde mundial, que já lhe pertencia , estabelecido em 1951, saltando seguidamente diante de um estádio lotado, 16m05, 16m09, 16m12 e , finalmente, 16m22, novo recorde mundial.

A trajetória do saltador aconteceu durante a disputa do Troféu Brasil de Atletismo, na pista improvisada do Fluminense, no bairro das Laranjeiras. Numa pista sem as condições ideais, ele saltou 16m01, superando a marca do japonês Nabu, antes de 16 metros cravados.

Adhemar Ferreira da Silva começou a pratica atletismo com 20 anos e seu primeiro salto foi a marca de 12m90, inicio de uma trajetória que logo atingiu os 15m. Em 1948, esteve em Londres, na reabertura dos Jogos, depois da guerra, mas não conseguiu nada para mostrar seu talento só saltou 14m46. Com uma rotina dura de treinamento em apenas três dias por semana, Adhemar reservava o resto do tempo para estudar o que lhe valeu uma boa posição na vida profissional e, como poliglota, foi adido cultural na Nigéria, país que muito se aproveitou dos ensinamentos que ele tinha do esporte e, em especial, das provas de saltos.

A vida de Adhemar continuou intensa no atletismo participando de inúmeras seleções brasileiras nas disputas de Pan-Americanos e sul-americanos. Depois de 1952, como detentor do recorde mundial estabelecido em Helsinque, Adhemar aumentou a marca de 16m22, para 16m56, nos segundos Jogos Pan-Americanos, na cidade do México, em 1955, resultado que despertava no mundo grande reviravolta, pois a partir daí, vários países começaram a se espelhar no estilo do brasileiro para melhorar os índices dos seus atletas.

A figura de Adhemar despertava enorme atração e por onde passava encantando a todos, pelo prestígio que lhe dava, não apenas marca olímpica e mundial mas , também, pela cultura, resultado do seu enorme esforço. Além do sucesso nas pistas, a versatilidade o levou a ser convidado para estrelar o filme Orfeu do Carnaval, roteiro de Vinicius de Morais, onde

fazia o papel da morte.

A atuação de Adhemar despertou o interesse do Ministério da Educação e Cultura, na época em desenvolver um projeto de salto triplo no país inteiro, tal o prestígio que o atleta levou ao mundo, em razão da maneira nobre como valorizou o esporte. Depois de vários anos competindo pelo São Paulo, onde começou, Adhemar se transferiu para o Vasco da Gama, clube ao qual deu grandes resultados, e hoje é nome bem lembrado no clube de São Januário.