Ulisses Laurindo

As finanças do São Paulo em 2018


Bastaram duas eliminações precoces na Libertadores e na Copa do Brasil para que o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, voltasse a viver seus piores dias à frente do São Paulo. Mês passado, centenas de torcedores à porta do centro de treinamento tricolor protestaram e pediram a sua renúncia. Nos bastidores, grupos políticos vinculados à situação registraram por escrito a insatisfação com o departamento de futebol, dirigido por Raí, e pediram a sua “profunda” reformulação.

Diferente de clubes que passam por crises esportivas e políticas por causa da falta de dinheiro, a situação mais comum atualmente, a crise são-paulina decorre do mau uso dos recursos disponíveis.

Arrecadar acima dos R$ 400 milhões apesar das adversidades externas e internas é para poucos no futebol brasileiro. Dinheiro há. Mas é preciso saber usá-lo para não ser passado para trás por rivais menos abastados – casos do Talleres na Libertadores e do Bahia na Copa do Brasil.

A comparação entre faturamento e endividamento mostra como as finanças tricolores são administráveis – apesar dos problemas que detalharemos a seguir. Ter mais entrada de dinheiro do que compromissos a pagar chega a ser um privilégio no futebol brasileiro, em que geralmente dívidas superam em duas vezes ou mais as receitas.

Também é fácil perceber que a situação melhorou consideravelmente em relação ao histórico recente do próprio São Paulo. Nos anos em que esteve sob a administração de Carlos Miguel Aidar, encerrada com a renúncia do então presidente em meio a denúncias de corrupção, o clube perdeu o controle sobre as finanças e chegou a dever mais do que arrecadava. Leco não faz a melhor gestão possível, mas recuperou um quadro temerário. É justo ponderar que o estado atual está melhor.

Feitas as introduções e ressalvas, chega a hora de distinguir departamentos para entender onde estão os problemas. E, já que estamos falando de faturamento, podemos começar pelas áreas comercial e de marketing tricolores.
Em teoria, são elas as responsáveis por gerar a maior quantidade de dinheiro possível para que o futebol o use, e os resultados apresentados no ano passado deixam a desejar.