Ulisses Laurindo

Aurélio Miguel (VII)


O judô é a modalidade brasileira que tem 18 medalhas conquistadas em Jogos Olímpicos, inclusive três de ouro, com Aurélio Miguel, Rogério Sampaio e Sara Menezes. O protagonista da série de campeões olímpico que estou apresentando é o meio pesado Aurélio Miguel, autor da primeira medalha de ouro nos Jogos de Seul, em 1988. Aurélio é filho de pais espanhóis, e começou a viver sua vida no judô aos quatro anos de idade. Nascido em São Paulo, no dia 10 de março de 1964, aos oito anos ganhou seu primeiro título, na categoria pré-mirim no torneio Budokan.

A carreira internacional começou na Finlândia, no Mundial Universitário, prosseguindo em 1982, com mais dois títulos: Mundial Junior, na Costa Rica e, em Caracas, nos Jogos Pan-Americanos, em Caracas. Judoca polêmico, se desentendeu com o presidente Confederação, na época, Joaquim Mamede, com pequeno desajuste na carreira. Vencendo as divergências, Aurélio brilhou nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis, em 1987, chegando ao ouro. A grande conquista do judoca aconteceu em Seul, nos Jogos de 1988, quando levou o Brasil a ganhar a primeira medalha de ouro na modalidade.

A briga com o então presidente da CBJ, pouco retardou sua projeção e, como consequências, não participou de um campeonato mundial, decisão que abalou o meio da modalidade, havendo boicote por parte de vários outros judocas. Apesar do atrito com a cúpula do esporte, continuou treinando e, ainda, conseguiu medalhas nos campeonatos mundiais de 1993 e 1997. Em 1996, ainda estava brilhando como atesta a medalha de bronze nos jogos de Atlanta, Estados Unidos, em 1996. Uma lesão no joelho, o privou de participar dos Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000, encerrando a carreira um ano depois.

Como reconhecimento ao judoca vitorioso, a Comitê Olímpico Brasileiro deu-lhe o privilégio de conduzir a Bandeira Nacional na abertura nos Jogos de Barcelona, em 1992. Aurélio Miguel deixou de lutar em 2001. Em 2004 foi eleito Vereador, em São Paulo, momento em que trabalhou para incentivar o judô em todas as áreas da cidade, principalmente nas escolas.

Parte do programa das artes marcais, o judô foi criado em 1882, por Jigoro Kano, propagando-se como atividade esportiva, mas, basicamente, como defesa pessoal. Por isso. a proliferação de academias que mantém turmas, em parte por puro lazer e, também, como competição esportiva. Como arte marcial, o preparo maior da prática do judô é a disciplina que impõe ao praticante, que sabe, no caso de confronto com adversário despreparado, jamais usa da sua força e da técnica para levar vantagem. No Brasil inteiro existem centros próprios para desenvolver suas qualidades, que visam, em primeiro lugar, educar com disciplina.