Ulisses Laurindo

Desafio de dirigir o Brasil não assusta Pia


Pia Sundhage esteve na beira do campo nas últimas três finais olímpicas – foi bicampeã em Pequim-2008 e Londres-2012, dirigindo a seleção feminina dos Estados Unidos, e prata com a Suécia na Rio-2016. Em duas dessas campanhas, tirou o Brasil do caminho do ouro (na final de Pequim e na semifinal no Rio). Agora, a treinadora sueca, de 59 anos, assume a seleção brasileira com a missão de levar o futebol feminino do país ao título de nível mundial que ainda falta.

E a primeira oportunidade será justamente no torneio que ela conhece como poucas, os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. A quantidade de jornalistas na entrevista coletiva de apresentação oficial, nesta terça, na sede da CBF, mostrou para a treinadora o tamanho da expectativa criada com a sua contratação.

Mas Pia Sundhage não pareceu preocupada. Pelo contrário, deu sinais de que se alimenta dessa exigência pelo alto rendimento traduzido em títulos.
– Abby Wambach (ex-jogadora da seleção dos Estados Unidos) sempre disse: “É um privilégio jogar sob pressão”. Então, eu digo também que é um privilégio trabalhar sob pressão. Meu primeiro Campeonato Europeu (como jogadora) foi em 1984, minha primeira Copa foi em 1991, e quando eu voltava para a Suécia, nada acontecia. No começo, ninguém queria saber de futebol feminino, então eu fico muito feliz que hoje vocês estejam fazendo tantas perguntas – disse a treinadora.

Pia, no entanto, não quer criar falsas esperanças. Ela sabe que o futebol feminino brasileiro precisa de renovação. Por isso, mesmo confiando em fazer um bom torneio olímpico em Tóquio, a treinadora está mais preocupada agora com os primeiros passos no novo trabalho.

– A diferença entre vencer e não vencer um torneio é muito pequena. Em 2004 (Atenas) e 2008, o Brasil foi às finais, e esperamos chegar novamente a uma final (em Tóquio). Mas em vez de falar sobre ganhar uma medalha, precisamos agora falar dos primeiros passos. É nisso que temos que nos concentrar agora, observou.

Pia volta à Suécia nesta quinta, para preparar a mudança definitiva, e deve retornar ao Brasil até o fim da próxima semana. Então, começará de fato o trabalho. Sua primeira convocação será já em agosto, para seu torneio de estreia, um quadrangular com Argentina, Chile e Costa Rica disputado no Pacaembu, em São Paulo.