Ulisses Laurindo

Nathan Adrian acelera braçadas após câncer


Não fossem seus quase dois metros de altura, Nathan Adrian talvez passasse pelos corredores do centro aquático sem chamar muita atenção. A credencial atravessada no peito se esconde sob o braço esquerdo sem expor seu nome, e o moletom cinza da delegação americana tampouco carrega qualquer identificação. O público que deixa o local após as provas dos saltos ornamentais só se dá conta de que o grandalhão de sorriso quase infantil é uma figura conhecida quando ele se senta em frente à câmera para uma entrevista. É quando, então, uma pequena multidão saca seus celulares e volta seus flashes para o grande astro dos Jogos Pan-Americanos de Lima – ainda que ele evite o rótulo.

O status, porém, é justificável diante de seu currículo. Um dos grandes nomes da história da natação dos Estados Unidos, Nathan Adrian, de 30 anos, tem cinco ouros, uma prata e dois bronzes olímpicos, além de outras 13 medalhas em campeonatos mundiais, em piscinas longas e curtas. Seus títulos, aliados ao seu carisma e à fama de bom moço, sempre o alçaram a um lugar nobre no panteão de semideuses do esporte americano. Sua história, no entanto, ganhou contornos ainda mais heroicos após o nadador superar um câncer no testículo e voltar a competir em um intervalo improvável de apenas alguns meses.

– É definitivamente uma experiência que muda a vida. E que nós ainda estamos passando. O protocolo é estar sob avaliação por dois anos. Eu estive por um pouco mais de seis meses até aqui. Então, ainda estamos passando por isso. Eu ainda estou aprendendo sobre mim mesmo durante esse processo, como eu reajo ao estresse de passar pela tomografia ou exames de sangue. Quando você pega esses resultados, você pode acabar tendo de fazer quimioterapia ou algo do tipo. É algo pelo que eu sou agradecido, principalmente por estar saudável, diz.

– Eu me lembro muito bem das primeiras semanas que eu estava voltando. A questão da natação é que é muito objetiva. Não é como o basquete ou outro esporte que tenha uma dinâmica de equipe. É algo como: “Eu nado com algum esforço e olho para o relógio”. Se é um bom tempo, bom, estamos indo bem. Se não, o-oh, eu não estou em boa forma. Foi um bom tempo, e demorou realmente um bom tempo, até eu começar a ter tempos ao menos reconhecíveis para mim.