Ulisses Laurindo

Os descaminhos do Brasil


Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista

As análises feitas no artigo ‘Menos presídios e mais escolas”, de autoria de Maykon Magalhães, no Diário do Amapá de 13 de janeiro último, mostrando a realidade cruel da legislação brasileira na condução da política educacional e de outros setores vitais da vida nacional, num conjunto responsável pela degradação que hoje vivemos e alimentada na intranquilidade da imensa população obrigada a conviver com mazelas que envergonham a gestão do país, está a muito tempo para chegar a ter um fim. No artigo, o autor, que é mestrando em administração, presidente do Instituto Municipal de Políticas de Promoções da Igualdade Racial, assinala ser maior a incidência dos crimes registrados na faixa etária de 18 a 29 anos, por falta de uma orientação segura nas escolas e também nos esportes, além de outros segmentos bases na formação do ser humano.

Na minha condição de antigo professor, lamentava nas salas de aulas a forma como os jovens poderiam se adaptar ao rigor de um destino de batalha, e dizia para mim mesmo e até para quem me ouvisse, ser difícil o caminho a ser seguido por aqueles jovens despreparados, sem poder de síntese do que liam e, ainda, com graves erros de português. Isso já em séries adiantadas.

O que me levava a uma conclusão pessimista decorria de um currículo defasado, longe das necessidades vitais que iriam mais tarde encontrar na sua vida adulta. Os exemplos eram cruéis, primeiro, como disse, quanto ao currículo e, segundo, quanto ao acesso dos jovens nas atividades esportivas. Não é segredo e todos sabem que atividades esportivas disciplinam as reações para melhor integração dos jovens. A boa prática do esporte ajuda a saúde física e a formação de ideais para a vida adulta. Na minha época, e ainda persiste até hoje, o desprezo à saúde do corpo que propicia a mente sadia, leva-o à ociosidade, irmã gêmea da dissolução.

O empenho dos governos, seja federal, estadual ou municipal, com as atividades para movimentar a juventude, é nulo. Se tivesse havido interesse, ao longo dos anos foram criados vários programas para atender a juventude e, não obstante, não frutificaram. Lembramos o Esporte para Todos, ainda na gestão de Giulite Coutinho, na CBF, programa que contava com apoio da Caixa Econômica Federal, com suporte para equipar os estados do país com ginásios poliesportivos, pista de atletismo e mais instalações para outros esportes. Depois veio o Pentatlo Nacional, para o atletismo, atividade que ensina aos jovens o valor da amizade e da ética. Esses e tantos outros projetos findaram em nada, em nome do nada.

O quadro hoje é uma constatação do período em que a devassidão e os aventureiros tomaram conta do país, e o resultado é o campo de batalha que ocupa parte do país com jovens se matando como resposta aos poucos que lhes deram. Nos últimos anos o país ficou à deriva, e todos aqueles que pensaram num país melhor foram colocados na geladeira, substituídos por aventureiros boicotando o desenvolvimento de um país generoso e causador de inveja de muitos que não têm 1% da sua grandeza.
O retrato mostrado por Maykom Magalhães é motivo de preocupação, como já foi de outras pessoas com amor à sua Pátria.