Ulisses Laurindo

Pia Sundhage e a luta das mulheres no futebol


De calça jeans, blusa de manga comprida azul marinho e tênis, Pia Sundhage chegou para a entrevista pontualmente às 16h. Acostumando-se aos hábitos brasileiros ao mesmo tempo em que se prepara para a primeira partida à frente da seleção na próxima quinta-feira, ela faria naquele dia primeira aula de português.

Educada e simples, ela tem dispensado liturgias do cargo, como ter uma sala só pra ela, pelo menos por enquanto. Também não quer fazer uso de carro para seu dia-a-dia. Procura um local para morar de onde possa ir andando para a CBF, na Barra da Tijuca.
– Gosto muito de andar, mas não gosto de correr, acho um pouco entediante. Quero aproveitar esse tempo para me exercitar”, disse a sueca que foi jogadora de futebol (atacante) e dirigiu grandes seleções como a dos Estados Unidos e da Suécia.

Você viu dois jogos desde que chegou ao Brasil antes da convocação, qual foi sua primeira impressão sobre o futebol brasileiro jogado aqui?
Foi o que eu esperava, vocês são boas com a bola, e é isso que eu gosto no Brasil, vocês são boas com a bola. Acho que essa é um dos seus pontos fortes. Às vezes os jogos de ligas nacionais, eu já disse isso nos Estados Unidos e na Suécia, é mais rápido do que os jogos de seleções. Se você olhar para a Copa do Mundo, há uma grande diferença. Vocês têm muita habilidade, são muito técnicas. Uma coisa que eu já vi, é que na Suécia nós somos muito organizadas, esse é um dos nossos pontos fortes, os Estados Unidos são muito fortes, e aqui eu posso dizer que a transição do ataque para a defesa é diferente. É algo que na seleção eu preciso trabalhar um pouco para estarmos na mesma página.

Qual é a diferença?
A diferença é que na Suécia, quando perdemos a bola, todos pensam que agora é uma defensora, e vai tentar estar atrás da linha da bola, a não ser que recupera a bola imediatamente. Mas aqui não há a mesma velocidade para estar atrás da bola. Demora um pouco mais, você tenta recuperar no um contra um. Eu quero pedir mais ter um pouco mais de energia no ataque, por isso precisamos tentar guardar um pouco de energia trabalhando em conjunto defensivamente.