Ulisses Laurindo

Rogério Sampaio (VIII)


Os efeitos positivos do judô como modalidade olímpica foram mostrados conquista do primeiro ouro para o Brasil, com Aurélio Miguel, meio pesado, 95 quilos, em Seul, em 1988. Hoje, o nosso herói é Rogério Sampaio, campeão olímpico, em Barcelona, em 1992, com apenas 24 anos pulverizando bambas europeus, da sua categoria de meio leve, 65 quilos, como a luta final, contra o campeão húngaro Josef Csak. A história de Rogério no judô é cheia de lances tenazes e heroicos.

Na infância era um menino agitado e, por orientação medica, foi recomendada a prática do judô. Aí ele se encontrou, e os problemas de agitação desapareceram, tornando-se um exemplar aluno. Para controlar seu ímpeto, solicitou do pai que construísse no quintal da casa uma imagem semelhante a um adversário para extravasar toda sua força.

Depois de atritar com a Confederação, como vimos em relação Aurélio Miguel, insatisfeito com a direção da entidade, Rogério também foi atingido, ficando, em consequência, dois anos e meio sem lutar, mas treinando normalmente. Rogério disputou a vaga dos pesos leves, com seu irmão, Ricardo Sampaio Cardoso, para Seul, em 1988.

Não possuindo cartel para impressionar os adversários, Rogério Sampaio chegou na cidade de Barcelona como um ilustre desconhecido e com luta pessoal muito grande, ou seja, a de controlar o peso, pois em disputas de artes marciais, a balança é importante. A sua categoria, na época era meio leve (65 quilos). Para não ultrapassar o peso na hora da pesagem, Rogério, três dias antes, se alimentou apenas de quatro pêssegos e três sorvetes. Deu resultado, pois nas diversas lutas até chegar à final combateu durantes 17 minutos, fato inédito nesse tipo de programa. A vitória produziu no judoca a sensação esperada. Faltavam 15 minutos para dez horas da noite de sábado 01 de agosto, quando ele desabou no tatame, levado por grande emoção.

A vida de Rogério Carneiro seguiu ativamente no judô, porém, atuando mais na área administrativa, porque, devido a lesões,encerrou a carreira em 1998, seis anos depois do glorioso título em Barcelona. Hoje se dedica ao ensino e desenvolvimento do judô na formação de novos praticantes na Associação de Judô que leva seu nome, em Santos. Também é coordenador geral de esportes de alto rendimento do Centro Olímpico de treinamento e pesquisa do município de São Paulo. Sua experiência e talento, o levou comentar o esporte na Tv, o que poderá ser repetido agora nos XXX Jogos, de agosto, no Rio de Janeiro.

As mesmas referências que fiz ao abordar a vida de Aurélio Miguel, quanto à formação dos jovens sobre na educação integral, repito hoje que é um esporte valioso, com a dupla função, a de chegar à glória e se defender quando for preciso.