Ulisses Laurindo

Senna e Toleman: 35 anos


A seção “Máquinas Eternas” desta vez não vai lembrar um carro campeão mundial. Aliás, um carro que jamais venceu uma corrida sequer. Três pódios e uma volta mais rápida foram o máximo que o Toleman-Hart TG184 conseguiu. Mas o carro projetado pelo engenheiro sul-africano Rory Byrne entrou para a história por ter conduzido Ayrton Senna aos seus primeiros resultados expressivos na Fórmula 1. Mais do que isso, foi o carro que projetou o futuro tricampeão mundial ao estrelato.

Antes de o TG184 elevar o patamar da Toleman, a modesta equipe inglesa vinha progredindo muito lentamente na F1. Estreou em 1981, teve uma corrida histórica e surpreendente com Derek Warwick na Inglaterra, em 1982, quando o britânico chegou a andar em segundo antes de o carro quebrar, e fez seus primeiros pontos em 1983, com o próprio Warwick e o italiano Bruno Giacomelli. Mas em 1984, o time contava com uma nova dupla de pilotos, formada pelo venezuelano Johnny Cecotto e o promissor brasileiro Ayrton Senna.

Naquele momento, Toleman e Pirelli estavam em rota de colisão, e a equipe boicotou os treinos iniciais para protestar, já que o fabricante italiano não aceitava quebrar o contrato. O problema é que Senna teve problemas intermináveis no carro e uma chuva atrapalhou o brasileiro, que não se classificou para a corrida. Ayrton ainda ficou irritado quando soube que o TG184 já estava pronto, e a Toleman não quis estreá-lo em Imola em meio ao imbróglio com a Pirelli.

Mas o potencial era bom. Na etapa seguinte, em Mônaco, Senna repetiu o 13º lugar no grid, cinco posições à frente de Cecotto. A corrida foi um show histórico de Ayrton debaixo de chuva – Cecotto bateu. Deixaremos para relembrar mais detalhes desta corrida em outro post. Depois do segundo lugar e da melhor volta em Monte Carlo, os olhos do mundo passaram a observar Senna e a Toleman.

Mas a recompensa viria para Senna em Brands Hatch. Com um carro bastante equilibrado, Ayrton foi sétimo no grid e logo ganhou terreno. Andou em quinto durante toda a prova, brigando com Elio de Angelis (Lotus) até superá-lo na curva Paddock Bend. Com a quebra de Nelson Piquet (Brabham), Senna herdou o terceiro lugar, garantindo o segundo pódio no ano.
Senna foi o único piloto da Toleman nas três corridas seguintes, e o TG184 continuou andando bem.