Ulisses Laurindo

Tite, o menos culpado


Forte tempestade deve cair sobre a cabeça do treinador Tite depois do indesejável empate de 1 a 1, com o Panamá, adversário que, em outros tempos, resultaria em goleada, tal a disparidade comum entre as seleções. Agora, se questiona: onde está a culpa de Tite em igualar com placar melancólico, como o sábado?

A resposta é muito simples quando o treinador pode ser apontado como o menos culpado dos resultados obtidos pelo Brasil nos últimos dez anos. É incoerente responsabilizar alguém que tem apenas dois dias para realizar treinamentos em esportes coletivos, como o futebol. Comumente, acontece nos amistosos que a seleção tem marcada é marcada apenas dois dias para o compromisso, acumulando, ao mesmo tempo longas viagens aéreas, e, no máximo, dois treinos, sendo que num deles é para reconhecer o local da partida. Até a Copa América, grande meta do futebol brasileira para 2019, o esquema não vai mudar, porque a sistemática hoje no futebol, no caso é juntar os jogadores de vários locais para concentrá-los para o jogo.

Sabedor da dificuldade e de fortes adversários que vai encontrar na competição, o treinador já manifestou o desejo de treinar, pelo menos, 25 para a Copa América. Tite sabe muito bem que, com o esquema atual da seleção, como vimos convocar poucos dias para os treinamentos, não deve esperar bons resultados. A mudança de procedimento, com certeza, não ocorrerá porque a seleção brasileira é formada sempre de 99% de jogadores atuantes no exterior. Não há força possível que faça a entidade nacional conseguir liberação dos “estrangeiros” por um prazo tão longo.

No tempo que o Brasil ganhava fácil de todos os adversários, o cuidado com a seleção era outro. Primeiro, a maioria dos jogadores atuavam no país, sendo fácil a reunião de todos para longos treinamentos. Além do mais, nas equipes do passado havia inúmeros craques, diferente de hoje que se olha de binóculo e não consegue enxergar um.

A Copa América será o grande salto de Tite. Se fracassar, por certo, alguém vai substituí-lo, mas com o sistema atual do futebol mundial, quando prevalece o dinheiro, será dificil para outro treinador operar milagres.