Wellington Silva

Gibran Santana


Um grande artista nunca morre! Ele, e sua obra, tornam-se imortais!

Conheci Gibran Santana no grande auge do Movimento Artístico Popular do Amapá, o MOAP, por volta de 1.985, governo Nova da Costa.

Sob a liderança do saudoso decano das artes plásticas do Amapá, Raimundo Braga de Almeida/R.Peixe, o MOAP historicamente é considerado um dos mais significativos senão o mais importante movimento artístico cultural já realizado nesta terra. Conseguia sempre reunir, em dezembro, final de cada ano, grandes talentos das artes plásticas, da escultura, da música, teatro, artesanato, dança e nosso expressivo Marabaixo. Foi também um momento de grandes revelações, mostra de grandes talentos, até então desconhecidos. E foi exatamente neste momento que eu, na qualidade de Editor de Cultura do Jornal Combate, e de Secretário do MOAP, fui imediatamente chamado por R. Peixe para observar o notável trabalho de um jovem pintor chamado Gibran Santana. No auditório do Palácio do Governo, lá estava ele, em meio a uma expressiva exposição plástica coletiva de artistas amapaenses.

Peixe olhou para ele e sua obra, olhou para mim, e disse:

“ Esse rapaz tem talento, e vai longe! Faz uma reportagem sobre ele”!

E fiz!

Foi a primeira reportagem que impulsionaria outras mais que certamente faria sobre este grande artista amapaense!

Sempre muito determinado em tudo que fazia, e perfeccionista, Gibran voou como as águias, quase chegando ao topo da pirâmide.

José Antônio Santana Rosa, seu nome de registro e batismo, nasceu no dia 12 de janeiro de 1966, no distrito de Fazendinha. Ainda muito jovem, desperta para a pintura. Logo, no início dos anos 80, consegue frequentar o Curso de Belas Artes em Belo Horizonte, Minas Gerais, e depois atuar como professor de artes plásticas. Em 1.997 assume a direção da Escola de Artes Cândido Portinari, estendendo-se sua gestão até o ano de 2002.

A qualidade de seus trabalhos, show de cores e formas, levam-no a expor na Guiana Francesa, em Martinica e em Guadalupe. Em Caiena, capital da Guiana Francesa, ano 2000, ano da virada do milênio, o artista projeta e edifica um notável monumento em concreto armado, localizado bem em frente ao Centro Cultural Zephyr. A obra acabou se tornando um marco referencial para a semana cultural franco-amapaense, realizada em Caiena.

A grande versatilidade e criatividade do artista também se fez notar no carnaval amapaense ao elaborar alegorias para as escolas de samba Piratas da Batucada, Solidariedade, Boêmios do Laguinho e Bloco Mancha Negra. Chegou também a elaborar carros alegóricos em Caiena para brasileiros ali residentes na chamada Grande Parada Carnavalesca, ou, popularmente, o Carnaval da Guiana.

Em 2021, realiza fantástica exposição no hall da Prefeitura de Santana apresentando 10 importantes obras: aves e animais em extinção tais como a arara-azul, arara-canindé, gavião-real, tartaruga-da-Amazônia, a onça-pintada, tucano-toco, etc. Novamente, show de cores e formas e acima de tudo, um necessário chamado de alerta para a humanidade e no particular para o povo do Norte.

Formado recentemente em direito, estava liderando um grupo de 10 artistas amapaenses contemplados pela Lei Aldir Blanc, todos já devidamente selecionados, aprovados, credenciados, pela Secretaria de Cultura – Secult, obviamente, em função da qualidade de seus trabalhos.

Inesperadamente, é vitimado de infarto fulminante, deixando familiares e amigos, meios que sem chão…