Heraldo Almeida

A diversidade do samba no País continental


De Norte a Sul, tão diverso e peculiar como cada região brasileira é o jeito de tocar e celebrar o samba. A expansão do ritmo pelo território nacional seguiu caminhos similares ao da colonização europeia no Brasil: do litoral para o interior, primeiro pelo Nordeste e Sudeste, até chegar às demais regiões.

No Recôncavo Baiano, o samba de roda é considerado o berço do samba. Os milhares de escravos trazidos da África para trabalhar, sobretudo na produção de cana-de-açúcar, mesclaram suas tradições de uso de tambores e chocalhos com a dos portugueses, incluindo o uso da viola, do pandeiro e da poética lusitana. Ainda foram absorvidos elementos indígenas de celebração. As primeiras apresentações acompanhavam o calendário religioso católico e os rituais em terreiros de candomblé e umbanda. Ao longo dos anos, o samba foi se diversificando e ganhando espaço em bares, festas e festivais, recebendo novas formas de s er tocado.

Com presença marcante no Maranhão, o tambor de crioula envolve a dança circular com o canto e a percussão de tambores. A prática é feita em louvor a São Benedito, o chamado santo negro. Entre os milagres atribuídos a ele, está a multiplicação de alimentos. Em paralelo ao tambor de crioula, está o marabaixo amapaense, atração do evento “Encontro dos Tambores” desde 1996. A dança circular das mulheres é ritmada pelo som produzido nas caixas construídas com tronco de árvores e peles de animais tocadas por dois ou três homens, que ficam ao centro. Os versos “são jogados”, como dizem, por um a das mulheres ou um tocador e respondidos em coro. Juntos, cantam o “ladrão” – que são músicas ou trovas. As apresentações costumam acompanhar as homenagens à Santíssima Trindade e ao Divino Espírito. Durante as rodas, os homens e mulheres se vestem de forma alusiva às vestimentas dos antigos escravos: saias longas e anáguas para as mulheres e calça e camisa simples para os homens.

Já nas comunidades quilombolas do Pará, o sucesso é o samba de cacete, que ganhou esse nome pelo uso de dois pedaços de pau que, batidos no curimbó (tipo de tambor), cadenciam o ritmo. Ele surgiu no período da escravidão no País. “Era cantado e dançado numa espécie de ritual melancólico e saudosista, em que eram citadas as dores da escravidão e a saudade da terra natal. Porém, com o passar do tempo, o caráter saudosista e melancólico foi dando lugar a registros e fatos interessantes do dia a dia”, descreve Carmen Lucia Barbosa, em sua dissertação de mestrado pela Universidade Federal do Ceará, no trabalho Cor pos no Samba de Cacete: Dança Ancestral, Tambores, Giras e Gingas na Educação Afrocametaense.
­O samba de cacete é parte da realidade de populações do interior do Pará, na região do Alto Tocantins. Nas apresentações, as mulheres usam saias longas e rodadas, pulseiras e colares de contas. Os homens, também descalços, usam camisas coloridas, calças escuras ou brancas. São intensificadas no mês de novembro, quando se comemora o dia da Consciência Negra. (www.cultura.gov.br).

 

  • É hoje

É nesta sexta (15) o show “Cantando a Amazônia”, com o cantor Nilson Chaves, no Norte das Águas, às 23h.
Antes terá Chorinho e Samba de Raiz, com Lolito do Bandolim, Beto 7 Cordas e Humberto Moreira, às 21h. No Complexo Marlindo Serrano (Araxá). Informações: 99193-8466.

 

  • Dança

Sábado (16) terá aulão de dança (ventre e salão), no Núcleo Âmago, a partir das 9h, na rua Gal. Rondom, 145 – Laguinho, entre as avs: Pedro Américo e Marcílio Dias. Informações: 98137-3430.

 

  • Música

Cantora amapaense, Deize Pinheiro, vai soltar sua linda voz cantando samba, nesta sexta (15), no “Encanto Amazônico”, a partir das 20h.
Na esquina da av: Raimundo Álvares da Costa com a rua Manoel Eudóxio – Centro. Informações: 99191-5248.

 

  • Festival

Dia 3 de março está agendado para acontecer o 1º Festival de Samba Enredo de carnavais inesquecíveis, com a participação das escolas de samba: Império do Povo, Embaixada de Samba, Império Zona Norte, Piratas Estilizados, Boêmios do Laguinho, Emissários da Cegonha, Maracatu da Favela e Império Solidariedade.
O evento será em frente ao colégio Azevedo Costa (av:José Antônio Siqueira) – Laguinho, a partir das 19h, com entrada franca e mesa no valor de R$ 50,00. Informações: 99151-0817.

 

  • Credenciamento

Sesc – AP está realizando credenciamento de artistas e profissionais de arte e cultura, para possível prestação de serviços (pessoa física e jurídica).
As inscrições poderão ser feitas até o dia 22 de fevereiro, de forma presencial, no Sesc Araxá (rua Jovino Dinoá – Beirol.

 

  • Samba

Três sambistas num show especial cantando sambas enredos inesquecíveis do carnaval amapaense, domingo (17), na casa de shows Gringo (rua Tiradentes, entre as avs: Procópio Rola e FAB – Centro), às 18h.
Neck, Taysson Tiassu e Nonato Soledade. Informações: 99172-2530 e 99143-8581.

 

  • “Viva Lula”

Nome do show beneficente em prol do tratamento de saúde do cantor Lula Gerônimo, que vai acontecer na sede da Assemp (Rodovia Duca Serra), no sábado (16), às 12h.
Mais de 30 artistas, de vários segmentos, estão confirmados. Informações: 99963-6670.