Heraldo Almeida

Nega Laura: “O Marabaixo faz parte da minha vida”


Uma cabocla pérola negra, amapaense da gema que defende a bandeira da cultura do Marabaixo como a sua própria família, afinal, ela veio desse meio. Nasceu, cresceu e se educou ouvindo os “velsos bandaiados” (ladrões), as chamadas músicas e canções desse segmento, que é a maior e mais autêntica manifestação folclórica do povo tucuju, o Marabaixo. Se esfregando aos foliões e tropeçando em caixas espalhadas por toda a casa onde se tocava e se dançava esse ritmo trazido da mãe África pelos negros escravos para a construção da Fortaleza de Macapá. Estamos falando de “Laura do Marabaixo”, uma descendente da família “Julião”, neta de Tia Biló e bisneta do mestre do Marabaixo, Julião Ramos, sendo sua avó a única filha viva do mestre. Laura era uma das tantas artistas anônimas, repleta de talento, que precisava estar sempre presente nesse segmento que também é seu. Hoje a sociedade conhece mais uma estrela do Marabaixo do Amapá.

“Nega Laura”, como também é conhecida, é uma artista completa, pois, além de dançar, tocar e compor as músicas, ela é cantadeira dos “ladrões” de Marabaixo. Seu cantar é forte, firme que ecoa pelos ares e ouvidos dos foliões, com os homens marcando e arrastando os pés e as mulheres girando e rodando as saias pelo salão. Quando Laura entoa o seu canto com as perguntas dos versos, todos respondem num só momento, bem alto, pra marcar mais um momento especial da noite de cantorias do Marabaixo.

Além dessas virtudes, Laura é integrante do Grupo de Dança Baraká, tocadora de tambor de Batuque, é palestrante desse segmento, ensina as crianças a dançar e tocar a caixa de Marabaixo, é fundadora e coordenadora do bloco Ancestrais (que realiza eventos voltados à cultura amapaense), militante do carnaval e de outros movimentos. “Tenho orgulho de ser negra e de poder contribuir com o desenvolvimento cultural do meu estado, pois, o Marabaixo está no meu sangue, na minha alma, no meu coração e na minha vida”. Disse Laura.

Fato
Pela falta de uma política pública cultural definida no Amapá, os artistas que vivem de suas artes se viram para sobreviver, realizando shows em qualquer lugar.

Produção
Em muitas cidades brasileiras, as produções artísticas culturais amapaenses são reconhecidas e respeitadas pela qualidade de cada produto.
Mas no Amapá as autoridades pouco fazem para garantir projetos que valorizem o artista local. Lamentável.

Sonora
O circuito Sonora Brasil 2016 tem como temática ‘Violas Brasileiras’. Na segunda, 21, no Sesc Centro (esquina da avenida Pe. Júlio com rua Gal. Rondon – Centro), 19h, apresenta:
Espetáculo ‘Violas Caipiras’, com Paulo Freire e Levi Ramiro (SP). Na terça, 22, às 19h, apresentam-se no Sesc Araxá (Beira Rio).
Esse projeto acontece de 21 a 25 de agosto.

Agenda
Está agendado para o dia 26 de agosto (sexta) o show do cantor e compositor Nilson Chaves, no Bar Vitruviano, às 23h.
Avenida Machado de Assis, entre as ruas Leopoldo Machado e Hamilton Silva – Centro.

Show
Cantora Fafá de Belém e Padre Fábio de Melo farão show em Macapá, no Ceta Ecotel.
Dia 29 de setembro às 21h.

 Festival
Dias 20, 21 e 22 de outubro, no Norte das Águas (Complexo Marlindo Serrano – Araxá), vai acontecer a 8ª edição do Amapá Jazz Festival.

‘Batom Bacaba’
Novo CD da cantora amapaense Patrícia Bastos, ‘Batom Bacaba’ já tem data de lançamento em Macapá. Dia 11 de novembro, no Teatro das Bacabeiras.
Dia 29 de setembro – Rio de Janeiro (Solar do Botafogo), dia 2 de outubro – Campinas, São Paulo (Concha Acústica do Parque Taquaral) e dia 6 no Centro Cultural Rio Verde, capital.

Fenac
Música ‘Planeta Agalopado’, dos compositores amapaenses Ademir Pedrosa, Sabatião e Orivaldo Fonseca, foi aprovada no Festival Nacional da Canção.
As eliminatórias iniciam no dia 27 de agosto, na cidade de Guapé (MG). Ademir Pedrosa, Naldo Maranhão e Wilian Cardoso viajam na quarta, 24, para defender a canção.