Heraldo Almeida

O samba-enredo na avenida


“A década de 30 foi a primeira com desfiles oficiais. Cantavam na avenida mais de um samba, que não eram feitos especificamente para o desfile. A primeira parte da música era fixa e improvisavam a segunda parte na hora. Na década de 40, saiu um regulamento dizendo que era proibido improvisar versos, e isso é decisivo para o samba-enredo, porque aí ele já chega pronto na avenida”, conta a pesquisadora Rachel Valença, do Museu da Imagem e do Som (MIS).

Rachel revela ainda curiosidades sobre a história do samba no Brasil no período da Segunda Guerra Mundial. “Na primeira parte da década de 40, os desfiles foram muito irregulares. Em alguns momentos, foram suspensos ou nem todas as escolas puderam participar, porque havia racionamento de comida e materiais. Só na segunda metade da década eles voltaram a acontecer. O interessante é que, em 1946, no primeiro carnaval após os tratados de paz, todas as escolas fizeram um acordo de que fariam um enredo sobre o fim da guerra”, explica.

De acordo com a pesquisadora, o primeiro samba-enredo foi Exaltação a Tiradentes, do Império Serrano, feito em 1949, mas gravado em 1955. A década de 50 é marcada pelos sambas chamados lençóis, grandes composições que contavam a “história oficial”, aquela já registrada em livros didáticos.

“Já na década de 60 houve uma revolução, com a chegada de Fernando Pamplona ao Salgueiro. Ele era acadêmico e se apaixonou pelos desfiles da vermelho e branco. Pamplona vai ser carnavalesco sem ganhar nada, e começa a desenvolver enredos sobre a história dos negros. Houve uma reação dos salgueirenses, eles não queriam usar fantasias de palha, por exemplo, queriam se vestir como príncipes.

O negro buscava reconhecimento na sociedade. Vem o Pamplona e fala de Zumbi do Palmares. Houve essa virada, o negro começa a falar de si próprio. Na década de 70, surge outro padrão, o samba curtinho com refrão forte, já fruto do momento que o samba começa a ser gravado”, explica a pesquisadora, que está terminando a segunda edição do livro Serra, Serrinha, Serrano: o império do samba, a ser lançado em 2017, quando a escola comemora 70 anos de existência. (www.cultura.gov.br).

 

  • Agenda MPA

Sexta, 12, tem show de Osmar Júnior e Rambolde Campos no Projeto MPA (Música Popular Amapaense), no palco do Norte das Águas.
O espetáculo começa, às 9 da noite, com Nathal Vilar (voz e violão), e mais o balcão cultural, artes plásticas e o Momento Lennon. No Complexo Marlindo Serrano – Araxá. Informações: 98400-1872 e 99146-1947.

 

  • Revista

Revista Diário de outubro está destacando a arte do poeta amapaense, Dinho Araújo, com entrevista “O Eu Sozinho Coletivo”.
Um dos melhores performáticos e declamadores de poesias do Amapá, que encanta com suas apresentações solitárias nos palcos. Confira www.revistadiario.com.br.

 

  • Popular

O artista amapaense José Barbosa, é um cantor popular de rua, que há cinco anos começou esse trabalho, com repertório variado da música brasileira e internacional.
Todo sábado de manhã, ele monta seus equipamento (teclado e som) na esquina da av: FAB com a rua Gal. Rondon (Praça da Bandeira), das 8h às 13. Pura diversão e amor à arte de cantar e tocar.

 

  • Evento ou cultura?

No geral os candidatos ao governo do Amapá estão falando que, se eleitos, vão fazer várias ações artísticas e culturais. Deveriam repensar, pois o que precisamos é de um projeto definitivo de política pública cultural, que não temos. Eventos sabemos fazer.

 

  • Silêncio

O Festival Nacional de Qualdrilhas Juninas, marcado para acontecer no Amapá, logo após o concurso de junho 2018, não aconteceu e nenhuma justificativa oficial chegou à imprensa. Com a palavra a Federação das Entidades Folclóricas do Amapá (Fefap), instituição que realizaria o evento.

 

  • Jazz

A 10ª edição do projeto musical “Amapá Jazz Festival” está agendado para acontecer nos dias 19 e 20 de outubro, no Norte das Águas (Araxá), a partir das 19h. Dia 19 – Carvô Jazz, Elias Coutinho e Amazon Music, e Ricardo Pereira. Dia 20 – Ariel Moura, homenagem ao mestre Espíndola, Ney Conceição e Big Band, mestre Solano da Guitarada.

 

  • Oficina

O projeto de cultura popular Banzeiro do Brilho-de-Fogo, vai realizar oficina ensinando a tocar caixa de Marabaixo, dia 11, às 16h, fazendo parte da programação da Barca do Iraguany.
No bar Sankofa, na orla do bairro Santa Inês. O convite é aberto.