Esportes

Como as empresas de apostas tomaram conta das camisas de clube do Brasileirão

Sites estão cada vez mais fortes no futebol nacional, e pressão por regulação cresce


Foto: Lucas Merçon-Fluminense

As apostas esportivas online ainda não são legalizadas no Brasil. Isso não impede, entretanto, que os brasileiros tenham acesso a sites e plataformas estrangeiras, em busca, por exemplo, do passo a passo completo para registro na Betano. São apostadores que buscam alguma forma de se inserir em um mercado que cresce globalmente, mas que por aqui ainda não é regulamentado por nenhuma legislação específica.

Juristas afirmam que o Brasil vive um limbo jurídico no que diz respeito às apostas online. O país proíbe tal prática, mas isso não afeta a participação dos brasileiros em plataformas mundiais. De modo que o maior prejudicado nessa história é o governo federal, que não consegue arrecadar os tributos das empresas que já atuam no país e tampouco criar empregos em torno de uma modalidade em franca expansão.

Ainda que uma legislação específica não exista, as empresas de apostas esportivas estão entrando com força no futebol brasileiro. Neste momento, sites de apostas são mais de 60% dos patrocínios de clubes das Séries A e B. Dos 25 clubes que possuem esse tipo de patrocínio, 14 estão na elite e 11 na segunda divisão do futebol nacional.

Na Série A, a lista é a seguinte: Bahia, Botafogo, Santos, Atlético-MG, Coritiba, Grêmio, São Paulo, Red Bull Bragantino, Vasco, Ceará, Corinthians, Flamengo, Sport e Fortaleza. Na Série B estão as equipes: Vitória, Avaí, CRB, Náutico, Paraná, Ponte Preta, Chapecoense, Confiança, Cruzeiro, Sampaio Corrêa e Guarani. Para quem acha que clube grande não está no meio, está totalmente enganado, como mostra a lista.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo publicada no fim do ano passado, Fábio Wolff, da agência de marketing esportivo Wolff Sports, estimou que esses patrocinadores investem de R$ 100 mil até R$ 15 milhões por propriedades de arenas e/ou de uniformes. “Muitas casas de apostas estão observando o processo de regulamentação e ainda não fizeram investimentos por questões estratégicas”, afirmou o executivo.

Os números brasileiros são representativos de uma agenda que avança a despeito do que as autoridades estão prevendo para o setor nos próximos anos. Entre as principais ligas de futebol do mundo, o Brasil supera os números da Premier League (10) e da Liga Espanha (7), o que mostra o interesse que os sites têm demonstrado em adentrar no mercado nacional.

Neste momento, apenas seis clubes não contam com patrocínio de sites de apostas esportivas: Athletico Paranaense, Atlético Goianiense, Cuiabá, Internacional, Juventude e Palmeiras. Segundo o site Gamebras, que acompanha o setor de perto, dois dos clubes que ainda não contam com tal patrocínio podem fechar contrato com casas de apostas de olho na temporada do ano que vem.

Atualmente, estima-se que existam mais de 400 sites de apostas operando no Brasil, todos com suas redes no exterior, já que não há lei que regule o setor no Brasil. O BNDES qual será modelo de concessão para a loteria de apostas de quota fixa assim que houver uma lei aprovada pelo Congresso Nacional.

“Os motivos centrais da regulação são o de proteger a economia popular e o de garantir a integridade do esporte, estabelecendo monitoramento permanente das apostas. É o que vai depurar esse mercado no Brasil e trará as principais operadoras, que só investem no mercado regulado”, disse à Folha de S.Paulo Pedro Trengrouse, professor da FGV e certificado em regulação do jogo pela Universidade de Nevada, nos EUA.

Segundo o BNDES, a movimentação financeira com apostas online no país deverá ser entre R$ 4 bilhões e R$ 10 bilhões. Desse montante, o governo deverá arrecadar em torno de 30% com a tributação.

 


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