Mês da Consciência Negra fecha com sanção da lei que torna gengibirra patrimônio imaterial
Governador Waldez Góes sancionou a lei, nesta quinta-feira, 5; bebida feita à base de gengibre, açúcar e aguardente, é um dos elementos do marabaixo.
Ao longo da história, o processo de preparação da bebida até sofreu transformações: antes, era necessário esperar dias pela fermentação do próprio gengibre, e, hoje, é feita com o gengibre triturado, coado, adoçado e o preparo é com ou sem bebida alcoólica. Mas, mesmo assim, não perdeu sua essência e importância nas rodas de marabaixo.
De acordo com a tradição, entre outras características, a gengibirra serve para fortalecer a voz dos cantadores e cantadoras na hora de puxar os ladrões (versos) do marabaixo, além de dar vigor para as dançadeiras e dançadores, se convertendo em um tipo de bebida ritual.
“Antigamente, quem fazia o marabaixo não tinha sonorização, com caixas e microfone. A gengibirra era o unguento para a garganta, os festeiros faziam, deixavam fermentar e adoçavam com mel de abelha. E, assim, a voz dos antigos aguentava o ritmo dos festejos”, explica Laura Ramos, integrante do grupo Raimundo Ladislau.
A matéria que torna a gengibirra patrimônio cultural imaterial do Amapá é de autoria da deputada Cristina Almeida.
No gosto do público
Servida gratuitamente nas festas de marabaixo, a gengibirra extrapolou sua importância cultural e caiu no gosto do público, ganhou até alguns fabricantes em maior escala, e hoje é comercializada dentro e fora do Amapá. Laura Ramos diz que, além de uma forma de empreender, também é uma possibilidade de levar um pouco da cultura amapaense, através de um produto genuinamente regional.
“O povo gosta, compra, tem gente que encomenda até. Recentemente, fiz uma viagem para Caiena [capital da Guiana Francesa], levei 150 garrafas, vendi todas e ainda queriam mais”, diz Laura, que comercializa a bebida.
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