Política

“A rede pública municipal de saúde entrou em colapso”, anuncia prefeito de Macapá

Prefeito Clécio Luis reconheceu colapso no sistema público de saúde, e apontou medidas para conter avanço da pandemia


Railana Pantoja
Da Redação

Em entrevista ao programa radiofônico Togas e Becas (Diário FM 90,9) na manhã deste sábado (16), o prefeito de Macapá, Clécio Luis, anunciou que a rede municipal de saúde da capital está sobrecarregada, em colapso, e sem conseguir contratar mais profissionais para tentar suprir a demanda.
“Não está tudo bem, está colapsado e é o prefeito quem está falando. A rede pública municipal de saúde entrou em colapso. Mas, se você for lá, vai ficar chateado com o tempo pra ser atendido, com as filas e a demora, mas vai ter um médico pra te atender, um prédio bom, equipamentos mobiliários e medicamentos. Infelizmente, não estamos dando conta”, disse de forma realista.

 

Por ficar geograficamente às proximidades de muitos municípios paraenses, e, também, por ser a capital do estado, um dos agravantes para a sobrecarga de atendimentos nas UBSs seria o fato de muitos moradores dessas regiões procurarem tratamento na capital.

 

“Você vai olhar na fila e tem gente de todos os municípios. Eu jamais vou negar atendimento a um irmão que venha de Afuá, Chaves, Gurupá, Mazagão, Santana, Porto Grande. Vão ser atendidos, mas a gente tem que ter uma compreensão. Está tendo briga nas unidades. As pessoas estão em desespero. Fiz um apelo aos médicos e à população: por favor, vamos para as unidades, mas vamos desarmados. Tá todo mundo estressado. São seres humanos que estão atendendo num clima de tensão, ninguém viveu isso”, afirma.

O prefeito informou que mais uma UBS deve ser aberta exclusivamente para realizar atendimentos de casos de Covid-19, mas não disse em qual região será.

 

“Você tem o tempo todo, de 100 a 200 pessoas nas UBSs, seja no Álvaro Corrêa, Lélio Silva ou Marabaixo, já vamos montar a quarta unidade de referência. Esse é o nosso problema hoje: superlotação. E o problema dois é a falta de médicos pra gente montar mais equipes e atender mais. Não tem médico na praça, já fizemos de tudo, vamos para o terceiro chamamento agora”, anunciou.

 

O gestor também relatou que a rede municipal de saúde de Macapá encontra dificuldades para comprar equipamentos, além de não conseguir contratar mais profissionais da saúde, principalmente, médicos. Os processos seletivos para contratação desses profissionais não conseguiram preencher nem 50% das vagas ofertadas.

 

“Tem muito médico trabalhando, mas muitos também já adoeceram, têm comorbidades, então, não tem médico suficiente. Fiz um chamamento para 120 vagas, não apareceu nem um. Depois, fiz outro para 50, até hoje só conseguimos 6. Temos outro problema também: não temos camas. Não tô falando de leito, leito é outro conceito, mas nós não temos sequer a cama. O Davi [Alcolumbre] está tentando emprestar, não tem no mercado. Então, imagina que todos os Hospitais de Campanha, construídos Brasil à fora, compraram equipamentos e isso desabasteceu o mercado. O senador Davi está tentando emprestar de alguns locais que tenham margem de sobra. É possível que isso vá acontecer sim”, relatou.

 

Protocolo terapêutico

De acordo com o prefeito, há 26 dias as Unidades Básicas de Saúde da capital estão ofertando aos médicos e pacientes um protocolo terapêutico preventivo.

 

“Nosso planejamento é receber o paciente o mais rápido possível, na fase inicial da doença, atender e diagnosticar. Se for Covid, independente do resultado do exame, que está demorando muito, o médico é soberano nesse diagnóstico clínico. Se ele diagnosticar Covid, já entra imediatamente com esse protocolo que, em geral, é a ivermectina associada à azitromicina e dependendo do caso, pode entrar com corticoide, xarope e outras medicações. Você sai com a medicação e será acompanhado depois pela nossa equipe. Isso é pra tratar precocemente e evitar que o paciente agrave”, explicou.

 

Comércio

Sobre a reabertura gradativa dos estabelecimentos comerciais que estão fechados por não fazerem parte dos serviços essenciais, o prefeito diz que tudo depende do comportamento da população durante os dias de lockdown.

 

“Todas as vezes que editei o decreto prorrogando a quarentena de 15 dias, e, agora, no lockdown, a intenção foi de conter a disseminação da doença para ter um tempo de estabilizar a situação e a gente poder ir voltando a uma nova normalidade. Já começamos a discutir isso, qual será o procedimento, o fluxo, o esquema pra gente ir voltando a flexibilizar as atividades econômicas, em especial, e depois as demais atividades”, finalizou.


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