Política

Militar e índia, tenente do Exército é a segunda amapaense a integar o staff da Presidência da República

Nomeada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro para integrar a equipe de transição, Sílvia Nobre Waiãpi é cotada para assumir uma Pasta no futuro governo.


A tenente do Exército Sílvia Nobre Waiãpi, que é amapaense, foi nomeada e já integra a equipe de transição do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Pioneirismo sempre foi o forte dela, pois além de ser a primeira mulher indígena a integrar o grupo, foi também a primeira índia a entrar para as Forças Armadas do Brasil depois de superar muitas dificuldades, pois de origem muito pobre, enfrentou a fome e a maternidade antes de ingressar no serviço militar.

 

De acordo com pessoas próximas ao futuro Presidente da República, Sílvia Waiãpi é cotada para assumir um Ministério no futuro governo. Se isso ocorrer, ela não será a primeira amapaense a integrar o staff de um Presidente da República do Brasil (a primeira foi a ex-deputada federal Fátima Pelaes, que foi ministra-chefe da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres do governo Michel Temer), mas será a primeira índia a fazer de uma equipe Ministerial.

 

Mãe de uma menina aos 13 anos de idade e vivendo na aldeia de sua Tribo no Parque Indígena do Tumucumaque, em terras amapaenses, juntamente com cerca de 1,3 índios, um acidente aos 14 anos mudou completamente os caminhos traçados para a então pequena índia. Mandada para Macapá, onde foi operada, após receber alta resolveu mudar para o Rio de Janeiro, com o objetivo de estudar. Sem o conhecimento da Tribo, resolveu fugir em busca de seu sonho.

 

Preconceito
Em entrevistas a diversos veículos de comunicação que vem concedendo desde 2011, quando conseguiu a façanha de ser promovida a tenente do Exército, a amapaensde relembra as dificuldades que enfrentou, que foram superadas com muita perspicácia e força de vontade: “Vim sozinha (para o Rio de Janeiro). Não conhecia ninguém, dormi nas ruas por alguns meses. Eu tinha uma pedra, que acreditava que era sagrada, e a vendi para comer. Com aquele dinheiro eu consegui comer durante umas duas semanas. Aí eu pensei: ‘se eu podia vender uma pedra, poderia vender qualquer coisa’. Depois comecei a vender livro de porta em porta”.

Mesmo na posse de terceiros, a pedra passou a dar sorte para a adolescente, pois algum tempo depois ela conseguiu uma casa para morar depois que a sobrinha de um vendedor ambulante lhe abrigou. Posteriormente ela começou a trabalhar no Círculo do Livro, onde conheceu intelectuais do Rio de Janeiro, que lhe ajudaram a estudar arte e ir para a escola. Durante entrevista o programa Jô Soares (Globo) em 2012, ela revelou que uma das maiores dificuldades que teve que enfrentar foi o preconceito.

 

– Eu tinha uma roupinha muito velha, sem botão, mas que amava porque era minha melhor roupa. E, na escola, escolhiam sempre um aluno para hastear a bandeira. Meu sonho era hastear aquela bandeira, mas eles nunca me escolhiam. Era sempre uma criança branca, não índia. Me falavam que eu era a verdadeira brasileira, então não entendia porque eu não podia fazer aquilo – contou.

 

O sonho de hastear a Bandeira do Brasil foi concretizado apenas em 2011, e para um público de milhões de pessoas em todo o Planeta, durante a abertura dos Jogos Mundiais Militares, honra que lhe foi dada pelo exemplo de perseverança, amor à Pátria e pelo protagonismo da luta em defesa das Minorias.

Até ser nomeada para a equipe de transição do presidente Jair Bolsonaro, Sílvia Nobre Waiãpi exercia o cargo de chefe do Departamento de Medicina Física e Reabilitação em Fisioterapia do Hospital Central do Exército, no Rio de Janeiro, do qual se licenciou para integrar a equipe do futuro Presidente da República.


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