Cidades

Mulheres fazem greve em Macapá para chamar atenção sobre violência

Realizado paralelamente em mais de 50 países, movimento chama a atenção quanto à violência contra a mulher e a necessidade de ampliação do espaço feminino no mercado de trabalho


Ramon Palhares

Da Redação

 

As mulheres do Amapá aderiram à greve deflagrada em mais de 50 países nesta quarta-feira, 08, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. De acordo com a coordenadora do movimento no estado, a assistente social e colaboradora da Universidade Federal do Amapá (Unifap), Alzira Nogueira, o objetivo é chamar à atenção quanto à necessidade de se combater a violência doméstica e a necessidade de ampliação do espaço feminino no mercado de trabalho.

Ao programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9), ela falou sobre a necessidade de fazer valer os direitos da mulher e de denunciar o que chamou de “sistema de violência” que afeta a vida das mulheres: “Nós, mulheres, hoje, estamos em greve geral em mais de 50 países porque não podemos continuar convivendo com tanta violência que altera de forma monstruosa o nosso dia a dia. Por isso temos que partir para o enfrentamento e buscarmos a conquista de mais espaços no mercado de trabalho através da luta politica organizada, da afirmação política. Temos, por exemplo, a Lei Maria da Penha, que é maravilhosa, temos avanços consideráveis, mas temos ainda batalha muito grande para superar esse grande hiato que está entre a Lei e a vida material das mulheres”.

A coordenadora do movimento das mulheres no Amapá lembrou estatísticas oficiais dando conta de que em cada 10 minutos uma mulher é assassinada por seu companheiro ou ex companheiro em todo o Planeta: “Esses dados são alarmantes, revestidos por atos por uma monstruosidade muito grande; além disso, há uma grave desigualdade entre os gêneros em todas as esferas da vida coletiva por causa de uma condenável visão heteropatriarcal; e para combatermos essa anomalia temos que desenvolver esforços conjuntos para a construção de um forte e eficiente marco jurídico para proteger as mulheres”.

O Amapá desponta como exceção nas estatísticas de desigualdades no que dizem respeito ao mercado de trabalho, segundo Alzira, por suas peculiaridades políticas: “Em nosso estado os índices favorecem as mulheres quanto ao espaço no mercado de trabalho e à isonomia de salários com os homens por conta de suas peculiares; aqui o maior empregador é o setor público, cujas contratações são feitas através de aprovação em concurso público, com salários e vagas disputadas de igual para igual, de acordo com os preceitos da Constituição Brasileira; mas, no contexto, infelizmente, tanto no Amapá como nas demais Unidades da Federação a discriminação é escorchante, porque em outras áreas essas discrepâncias se evidenciam com mais intensidade. Mulheres negras, por exemplo, têm cerca de 144% a menos oportunidades de trabalho; por isso não falamos só de desigualdade de gênero, mas também de um sistema de violência estruturante que inclui gênero, sexualidade, enfim, todo um sistema”, lamentou.

 


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