Cidades

Mais de 80 crianças, vítimas de abuso e exploração sexual, foram atendidas no AP em 2017

Dados são do Serviço de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual. Nos quatro primeiros meses deste ano, já são 28 casos atendidos.


O dia 18 de julho é marcado como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Em 2017, 85 vítimas foram atendidas pelo Serviço de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual (SAVVIS) do Pronto Atendimento Infantil (PAI), que atende vítimas de 0 a 12 anos. Nos quatro primeiros meses de 2018 já são 28 casos atendidos.

 

Acima de 12 anos, as vítimas do sexo feminino devem procurar atendimento no Hospital da Mulher Mãe Luzia (HMML) e as do sexo masculino o Hospital de Emergência (HE). O serviço funciona 24 horas nas unidades. No HMML foram registrados atendimentos a 63 meninas e mulheres vítimas de violência sexual.

 

Já no HE não foi registrado nenhum atendimento, o que não significa que não houve casos de abuso, já que muitas vítimas deixam de buscar ajuda por medo ou por vergonha, principalmente os homens.

 

“É essencial que a criança ou adolescente seja encaminhada em até 72 horas após a suspeita do fato para poder receber um atendimento adequado e para que ela receba as medicações retrovirais, que previnem Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/AIDS), e pílula do dia seguinte para as meninas, para evitar uma gravidez indesejada”, orienta a enfermeira responsável pelo SAVVIS, Kátia Cilene Cardoso.

 

Além dos cuidados médicos, as vítimas recebem avaliação com equipe multiprofissional de psicólogos e assistentes sociais. Segundo Kátia Cilene, no primeiro atendimento é realizada uma série de exames laboratoriais para detectar se a criança pode ter contraído algum tipo de doença sexualmente transmissível, mas o grande problema ainda é a resistência das famílias em procurar ajuda.

 

“Grande parte dos agressores faz parte da família das vítimas, então, isso ainda inibe alguns pais. Outro problema é a evasão dos pacientes, já que o acompanhamento médico/hospitalar das vítimas dura seis meses, onde são feitos exames laboratoriais e observação da situação clínica de cada criança com a avaliação do pediatra”, explica Cilene.

 

O que fazer em caso de suspeita?
A indicação é que os pais ou responsáveis da criança procurem primeiro o Conselho Tutelar ou o SAVVIS, HMML ou HE. Isso é importante para que a possível vítima receba imediatamente os primeiros cuidados. Após isso, a família será encaminhada para registrar o Boletim de Ocorrência (B.O.) em uma delegacia e realizar o exame de corpo de delito, que poderá confirmar ou não a agressão e onde será feita toda a parte jurídica.

 

É feito constantemente um trabalho de sensibilização com os parceiros que fazem parte da rede de atendimento das vítimas, para que a família fique ciente dos procedimentos que deve seguir.

 

Kátia explica que a população ainda é muito centralizada na culpabilização do agressor, não no cuidado da vítima. “Isso, a gente vê muito frequentemente, que a família chega aqui e está mais preocupada de ir à delegacia prestar queixa e prender o agressor do que cuidar da saúde da vítima”, avalia a enfermeira.

 


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