Política
Reátegui diz que o Congresso Nacional não vai aprovar reformas sem o ‘toma lá, dá cá’
Ex-deputado federal afirma que ‘moeda de troca’ está institucionalizada e é impulsionada porque muitos dos eleitores vendem seus votos e, se não se submeterem ao sistema, na visão dele “enraizado no país”, parlamentares que se voltam para os problemas sociais sem comprar votos não se reelegem.

Em entrevista concedida neste sábado (09) ao programa Togas&Becas (DiárioFM 90,9) apresentado pelo advogado Helder Carneiro, o ex-deputado federal Marcos Reátegui (PSC) previu que o Congresso Nacional não vai aprovar as reformas, em especial a tributária e da previdência se não houver o ‘toma lá, dá cá’, isto é, com os parlamentares recebendo recursos do governo federal em troca de votos.
Na visão de Reátegui, que voltou a ocupar o cargo de delegado da Polícia Federal (PF), a ‘moeda de troca’ está institucionalizada no Brasil, e é impulsionada porque muitos eleitores vendem os seus votos. Sem citar diretamente ele próprio como exemplo, o ex-deputado, que dedicou o seu mandato às causas sociais, tendo sido responsável, inclusive, pela implantação do Hospital de Amor, sucessor do Hospital do Câncer de Barretos no Amapá, mas não se reelegeu, disse que políticos que se dedicam aos problemas sociais sem comprar votos não se elegem.
“O grande problema não está no político, mas na nossa sociedade, que faz mercancia de votos; é preciso entender que esse instrumento no Congresso Nacional é o espelho da população; é um problema complexo, muita gente comercializa (votos) porque não tem envergadura moral, e muitos fazem isso por necessidade. Político que se volta para os problemas sociais sem comprar votos não se elege; temos exemplo no Amapá e fora do Amapá. Eu sou talvez um dos eleitores que mais torcem para que a nossa bancada federal seja a melhor de todos os tempos, mas o cerne da pergunta é: é possível aprovar (as reformas)? Não, é preciso ter o ‘toma lá dá cá, porque no final (o dinheiro) vai chegar ao eleitor que vai reconduzir o parlamentar ao Congresso Nacional”, analisou.
Desperdício
Perguntado sobre a sua perspectiva no direcionamento de recursos para o Amapá pelo presidente do Congresso Nacional Davi Alcolumbre (DEM), que é amapaense, Marcos Reátegui manifestou otimismo. “Eu torci desde o primeiro momento para o senador Davi, meu amigo Davi ser eleito, porque ele pode fazer muito pelo Amapá como presidente do Congresso Nacional, trazer investidores, que dão origem à empregabilidade; fomentar produtos e serviços básicos, que geram receitas através de impostos para melhorar e ampliar a saúde, a segurança pública, a educação e a mobilidade urbana”.
Reátegui alertou, no entanto, que é preciso focar em questões estruturantes e organizar o estado para que os recursos sejam aplicados de forma correta, lembrando que ao elevar o Amapá à categoria de estado, a Constituição Federal de 1988 “deu todas as condições, com tudo arrumado e dinheiro para mantê-lo bem, mas muita gente não entendeu. E ainda tem uma parte de receita especial transitória, que é a folha de pagamento; onde o Amapá tem servidores pagos pela União, o que significa uma receita enorme para que sejam feitas as chamadas ações estruturastes, como aeroportos, portos, malha rodoviária e regularização de terras; temos pela natureza um dos melhore lugares do mundo; o Brasil talvez seja o país mais beneficiado pela natureza, e o Amapá é o melhor estado do pais; mas grande maioria da população vive abaixo linha da pobreza; todos os governadores, absolutamente todos, tiverem essa receita, mas não aplicaram no que deveriam”.
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