Preso em Paris, assassino do sargento PM Hudson vai para prisão domiciliar
Defesa pediu que Gabriel Bonfim, de 23 anos, deponha em juízo, no Fórum de Macapá. Bonfim e um comparsa mataram o sargento da PM com oito tiros, em 2017, durante assalto.

Elden Carlos – Editor
O juiz Diego de Araújo, da 1ª Vara Criminal de Macapá, determinou nesta terça-feira (07) que o detento José Gabriel de Sousa Bonfim, ‘o Burrinha’, de 23 anos, preso desde janeiro de 2018 em Paris, capital da França, deixe a cadeia e siga para o regime de prisão domiciliar. José Gabriel é acusado de assassinar com vários tiros, em outubro de 2017, em frente ao Museu Sacaca, em Macapá, o sargento da Polícia Militar (PM), Hudson Conrado, que estava com 46 anos de idade. O crime foi denunciado como latrocínio.
O magistrado atendeu ao pedido da defesa que sustentava o excesso de prazo para a conclusão da instrução e julgamento, além de requerer que Gabriel preste depoimento em juízo, ou seja, que o assassino seja extraditado para o Amapá.
Com a decisão do juiz, a defesa de Bonfim terá 60 dias para comunicar o judiciário sobre a execução do alvará de soltura. A partir disso, será marcada data para interrogatório do denunciado. O último recurso impetrado pela defesa requerendo a soltura de Gabriel ocorreu em agosto do ano passado.
Há época o relator do processo, desembargador Rommel Araújo, considerou não haver o excesso de prazo argumentado pela defesa, uma vez que a audiência de instrução aguarda apenas o processo de extradição do acusado para ser concluído. “A meu sentir a conveniência da instrução criminal e a garantia da aplicação da lei penal são razões que subsistem, motivo pelo qual denego a ordem de Habeas Corpus”, argumentou. O processo está sob segredo de justiça.
- Sargento Hudson foi assassinado aos 46 anos de idade
O caso
Apuração
Há época o Diário teve acesso ao Inquérito Policial nº 095/2017 instaurado na Delegacia Especializada em Crimes Contra o Patrimônio (Deccp) presidido pelo delegado Celso Pacheco, e que está anexado ao processo que hoje tramita em segredo de justiça. Também foi possível acessar cópia do relatório emitido pelo Núcleo de Inteligência do Ministério Público (NIMP) que atuou nas investigações de forma conjunta.
Passos do crime
Na noite de 18 de outubro de 2017, por volta de 20h, o sargento Hudson Conrado, com 46 anos de idade, esperava a esposa dentro do automóvel, estacionado na Avenida Feliciano Coelho, bairro do Trem, em frente ao Museu Sacaca, onde ela participava de um evento.
Gabriel Burrinha, e o comparsa dele, Wendell Clei Ramos Ferreira, o ‘Chunga’, que era foragido do Iapen e acabou morto na noite de 21 de novembro daquele mesmo ano durante um confronto armado com policiais do Força Tática da PM de Araguantins, no Estado do Tocantins (TO) onde ele havia se homiziado, se aproximaram do automóvel do sargento Hudson, armados com um revólver calibre 38 e uma pistola, segundo a polícia. O policial, distraído, ainda tentou sacar a arma ao perceber a abordagem, mas acabou alvejado oito vezes. Imagens de câmeras de segurança recolhidas pela polícia na área do crime mostram tanto o momento em que os suspeitos seguem andando para o local do roubou seguido de morte, quanto na fuga. Após roubar a arma do sargento, os criminosos fugiram correndo.
- Wendell ‘Chunga’ foi morto em confronto com a polícia do Tocantins após ter fugido do Amapá
Avião
Segundo a investigação, Gabriel comprou passagem em uma companhia aérea cerca de três horas e meia após o crime, quando ele embarcou para Belém (PA). Ele não tinha nenhuma reserva, segundo foi apurado. O delegado Celso Pacheco já sabia que a mãe de Gabriel morava na França, e, por isso, acionou a Polícia Federal (PF) solicitando levantamento sobre a movimentação migratória do investigado.
Relatório
O relatório divulgado pela PF mostra que Gabriel Bonfim deixou Belém (PA) com destino a Lisboa, capital de Portugal. O Airbus A330 [voo TP46] decolou do Aeroporto Internacional de Val De Cans às 18h35 do dia 21 de outubro de 2017, pousando as 6h05 do dia 22 de outubro em Lisboa. De lá ele teria seguido para Paris, França.
Prisão
No dia 29 de janeiro de 2018, Gabriel foi abordado numa barreira policial na capital francesa. Os oficiais o identificaram após consulta na lista de foragidos da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol). O delegado Celso Pacheco já havia realizado o pedido de extradição, via Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça (DRCI/MJ).
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