Polícia

Tragédias marítimas deixam cerca de 400 mortos em quase quatro décadas no Amapá

Desde o naufrágio do barco Novo Amapá, em 1981, que deixou mais de 370 pessoas mortas e dezenas de desaparecidos, que a fiscalização sobre as embarcações é questionada.


Novo Amapá deixou o porto de Santana com mais de 600 pessoas a bordo

Elden Carlos
Editor

 

O rio Jari, na região sul do Amapá, volta a ser palco de uma tragédia marítima após dois grandes episódios que deixaram, juntos, cerca de 400 mortos entre os anos de 1981, com o Novo Amapá, e 2002, com o barco Cidade de Óbidos.

No final da madrugada do último sábado (29) o navio Anna Karoline III, que havia saído às 18h de sexta-feira (28) do porto de Santana (AP), com destino a Santarém (PA), afundou na boca do rio Jari, distante cerca de 130 quilômetros da sede do município de Laranjal do Jari. Até a manhã desta segunda-feira (02) havia confirmação de 13 mortos, 45 pessoas resgatadas com vida e um número ainda incerto de desaparecidos.

A exemplo dos outros dois naufrágios, não houve a divulgação de uma lista oficial de quantas pessoas deixaram o porto de Santana na embarcação. Corpos estão dentro do navio. O local é de águas turvas e fortes correntezas, por se encontrar na confluência do rio Jarí com o rio Amazonas.

 

Novo Amapá

Há 39 anos aconteceu o naufrágio do barco Novo Amapá. As dúvidas sobre o que realmente aconteceu naquela noite trágica ainda estão no fundo do rio Cajari, onde dezenas de pessoas permanecem sepultadas.

Era noite de 6 de Janeiro de 1981, quando o Novo Amapá naufragou na foz do rio Cajarí, próximo ao município de Monte Dourado (PA), levando às águas mais de seiscentas pessoas. Mais de trezentas destas perderam a vida e dezenas passaram horas de pânico e desespero, imersas na água e na escuridão.

A embarcação, com suporte para transportar no máximo 150 pessoas e meia tonelada de mercadoria, partiu do Porto de Santana com mais de 600 passageiros e quase uma tonelada de carga comercial. Seu destino era o município interiorano de Monte Dourado, com escala em Laranjal do Jari. Como as viagens anteriores duravam em torno de um dia e meio, seu proprietário havia reformado-lhe, instalando um motor hidráulico a mais, o que facilitaria na velocidade da embarcação.

A lista de despacho, segundo a Capitania dos Portos há época, tinha registrado cerca de 150 pessoas licenciadas pelo despachante Osvaldo Nazaré Colares. Mas, na embarcação havia mais de seiscentas vidas. O despachante (falecido em abril de 2001,) afirmou que só foi informado da tal lista após já ter partido há certas horas e que a lista foi deixada sob sua mesa, quando ele estava ausente.

Após partir do Porto de Santana por volta das 14hs do dia 6 de Janeiro de 1981, a embarcação tombou aproximadamente às 21hs. Sobreviventes relatam que o barco balançou duas vezes e adernou. A notícia da tragédia chegou à capital no dia seguinte, através de dois sobreviventes.

A verdadeira dimensão do desastre iniciou quando a imprensa local divulgou a lista de despacho na qual constava que somente 146 pessoas haviam sido liberadas para viajar, enquanto que na embarcação havia mais de seiscentas pessoas. Os corpos foram sepultados em cova coletiva no município de Santana. Muitos ficaram no fundo do rio.

 

Cidade de Óbidos

Após o acidente com o Novo Amapá, em 26 de janeiro de 2002, o estado registraria uma nova tragédia. O barco Cidade de Óbidos I afundaria por volta de 5h da manhã na região de Jarilândia, próximo ao município de Laranjal do Jarí. Sete pessoas morreram, entre elas, a jornalista Simone Teran.

Estimasse que 180 pessoas estariam a bordo. A embarcação transportava políticos e correligionários que participariam do lançamento da candidatura da então deputada federal Fátima Pelaes ao governo do Amapá.

A embarcação havia deixado o Porto de Santana na tarde do dia (25), com destino a Laranjal do Jarí. No final da madrugada do dia 26 a embarcação colidiu com a balsa Magalhães. A colisão abriu um buraco no lado esquerdo do casco do Cidade de Óbidos, fazendo com que afundasse rapidamente.

Morreram no naufrágio: Karina dos Santos Couri (18); Ana Cláudia Colares e o filho dela, de 3 anos, Alexandre Júnior Leite; Luan Richard Guiomar dos Santos, de 12 anos; Arquimedes Afonso (segurança na Prefeitura de Santana); o empresário Vítor Santos e a jornalista Simone Teran, casada há época com o então deputado estadual Manoel Brasil.

 


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