Polícia

Assaltante em série morre em confronto com o Bope; “Estava escrito”, diz mãe do criminoso

Ao falar sobre os conselhos e tudo o que fez para encaminhar o filho na vida, a mãe do assaltante diz que ele se perdeu no caminho, e que a polícia apenas cumpriu seu papel de defender a sociedade.


Elden Carlos
Editor

O assaltante João Felipe Pimentel de Souza, de 20 anos, foi morto na manhã desta quinta-feira (16) durante uma intensa troca de tiros com policiais do Grupo de Intervenção Rápida Ostensiva (GIRO) do Batalhão de Operações Especiais (Bope), que dava apoio a uma investigação da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Patrimônio (DECCP).

Segundo o delegado Vladson Nascimento, Felipe estava foragido do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen) desde dezembro do ano passado, quando ele foi beneficiado pelo indulto de Natal, mas não retornou para cadeia.


“Ele [Felipe] vinha sendo investigado por vários assaltos, principalmente, a residências. Ele contava com apoio de pelo menos mais três criminosos. As ações eram sempre violentas, com vítimas sendo agredidas e ameaçadas no cárcere. Imagens de vários imóveis mostram o mesmo grupo, sempre praticando o mesmo ‘modus operandi’. Vínhamos investigando esse elemento e o resto do bando. Hoje, tínhamos a informação de que ele estava nesse imóvel. Os investigadores apuraram que havia mais de um elemento, e que eles possivelmente estariam fortemente armados. Decidimos acionar o apoio especializado do Bope para fazer a intervenção”, declarou o delegado.


Os militares seguiram para o endereço e foram recebidos a tiros pelos criminosos. Um dos bandidos conseguiu escapar pelos fundos da casa. Felipe decidiu confrontar e acabou alvejado. O resgate médico foi acionado e constatou o óbito.


Com ele foi apreendido um revólver calibre 32, porções de drogas e um drone. A polícia acredita que o aparelho servia para o bando monitorar a área e até mesmo estudar do alto os locais onde os roubos eram cometidos. Todo material apreendido foi apresentado no Centro Integrado em Operações de Segurança Pública (Ciosp) Pacoval, onde a ocorrência foi registrada.

O corpo do assaltante foi removido para o Departamento de Medicina Legal (DML) da Polícia Técnico-Científica (Politec) para ser necropsiado.

Mãe desabafa

Em meio ao acompanhamento da remoção do corpo do filho, Elisangela Pimentel de Souza, mãe de Felipe, desabafou reconhecendo que o filho enveredou pelo mundo do crime, e que a morte, ou prisão, era algo inevitável de acontecer.


“Eu, como mãe, fico muito triste, muito triste. A gente cria um filho com tanto amor, esperando que ele vá ser alguém na vida, né? A gente educa; a gente cria; a gente dá remédio; a gente bate [porque tem que bater], ai cresce, cria asas e vai pro mundo. Ai a gente se pergunta: será que é minha culpa? será que eu não soube educar? será que eu não soube amar? A gente cria um filho no mundo e não acha que ele vai pegar uma arma e vai colocar na cara de outro ser humano”, disse desolada a mãe.

Elisangela ainda reconheceu o trabalho da polícia, afirmando que em momento algum passou a mão na cabeça do filho, e que a polícia cumpre seu papel constitucional de defender a sociedade.

“Eu queria ele aqui comigo agora, no meu colo. A polícia matou, mas a culpa não é dela. Ela [polícia] ta protegendo a cidade, a sociedade, as pessoas. Eu não culpo a polícia porque ele tava errado, ele fazia as coisas erradas. A gente que é mãe, a gente que é ser humano, a gente nunca quer isso para os filhos. A gente não quer que o filho entre pra uma situação dessa. Eu queria que ele se limpasse. Hoje tem tantas situações boas para os jovens, pra ele se encaminhar, pra ele trabalhar, pra ele ser alguém na vida, ir e vir na sociedade de cabeça erguida, e não ficar se escondendo, correndo, caindo no lago. Pra que uma coisa dessa? Não tem necessidade. Eu não serei o que será daqui pra frente. Ele era meu único filho homem”, concluiu.

Reportagem e fotos: Jair Zemberg


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