“Para mudar a cidade precisamos organizar a classe trabalhadora”, diz Gianfranco
Gianfranco (PSTU) foi o décimo participante e encerrou a rodada de entrevistas do programa radiofônico LuizMeloEntrevista (Diário 90,9 FM) na manhã desta sexta-feira (29).

Railana Pantoja
Da Redação
Último participante da rodada de entrevistas do programa radiofônico LuizMeloEntrevista (Diário 90,9 FM), o candidato Gianfranco Gusmão (PSTU) defendeu na manhã desta sexta-feira (30) propostas de governo para Macapá nas Eleições 2020.
Gianfranco tem 47 anos, é professor de Geografia da rede estadual de ensino do Amapá e integrante do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). É sindicalista reconhecido pela luta ao lado das categorias do funcionalismo público, celetistas e movimentos sociais.
Em 2018 disputou o cargo de governador do Amapá, conseguindo 4.818 votos (1,21% dos válidos). Em 2020 retorna para a política e disputa a Prefeitura de Macapá, juntamente com o vice-candidato Jairo (PSTU). A chapa pura defende uma campanha feita coletivamente com a classe operária e periférica, levantando as bandeiras da população negra e trabalhadora.
Diário – A música que você escolhe para sua campanha diz que “nada fede, nada cheira”. O que o senhor quer dizer com isso?
Gianfranco – Nada muda. Para mudar a cidade a gente precisa organizar a classe trabalhadora. Em Macapá a gente precisa criar os conselhos populares, para que a população tenha total controle do orçamento, possa dizer onde e como investir, gerenciando a Prefeitura de Macapá. Então, para mudar é necessário organizar a população, e aí, de fato, conseguiremos uma mudança. Essa sociedade baseada na exploração de uma classe para favorecer outra não serve para a maioria da população.
Diário – Como você pretende lidar com a questão do transporte público em Macapá
Gianfranco – O transporte público em Macapá é extremamente precário e não é de hoje. Eu vou municipalizar o transporte, ele precisa sair das mãos dos empresários e vir para a Prefeitura. Através da municipalização do transporte vou conseguir “passe livre” para os empregados e estudantes. Também vou cobrar uma dívida que a Prefeitura de Macapá anistiou agora, no fim do ano, de R$ 67 milhões dos empresários de ônibus do Setap. Com esse valor, sabe o que dava pra fazer? No mínimo 91 leitos de UTI, todos bem equipados. Não dá pra anistiar uma dívida como essa, ela precisa voltar para os cofres da prefeitura e a gente possa investir para a população. Eu também garanto o emprego dos cobradores, existe uma lei aprovada neste ano, antes da pandemia, que proibia a dupla função em Macapá. Esses ônibus em que motorista dirige e cobra ao mesmo tempo são fora da lei. Será que vamos ter que entrar com uma Ação Civil Pública contra a Prefeitura, para que ela faça cumprir a lei? Eu garantindo o emprego do cobrador, já começo a diminuir o desemprego.
Diário – Qual sua proposta para mobilidade urbana?
Gianfranco – A gente precisa garantir o deslocamento e a mobilidade das pessoas. No caso das bicicletas, não é só questão de atividade física, é um transporte para muitos de Macapá. Então, nós precisamos de ciclovias e ciclofaixas, só temos uma ciclovia na zona norte e aqui na rua Hamilton Silva uma ciclofaixa que não está bem sinalizada, e na rua Claudomiro de Moraes também. É necessário garantir a mobilidade e a segurança das pessoas que usam a bicicleta não só para o esporte, mas também como meio de transporte. Não podemos esquecer das pessoas que têm necessidades especiais, eu sinto isso na pele, pois minha mãe é cadeirante e a dificuldade para uma pessoa com necessidades especiais se locomover é muito grande na cidade. Macapá não foi planejada para essas pessoas, então, a gente precisa mudar o plano diretor, readequá-lo em toda a cidade.
Diário – O marabaixo é patrimônio cultural do Brasil, mas, em Macapá não temos projeto que reforcem o valor cultural. Como você pretende trabalhar nossa cultura nas escolas?
Gianfranco – O marabaixo precisa ser realmente valorizado e incentivado, para que a população de Macapá conheça nossa história. Queremos incentivar não somente o marabaixo, mas também toda a cultura do estado, seja música, poesia, cinema, literatura; todos precisam ser ampliados e necessitam de investimentos. É necessário e importante trabalhar nas escolas as nossas manifestações culturais.
Diário – E por falar em ensino, o senhor é professor. Quais suas propostas para melhorar a educação em tempos de pandemia?
Gianfranco – Primeiro quero deixar claro que, na nossa concepção, nesse momento não dá para retornar de forma presencial. Escolas fechadas são vidas preservadas. Conteúdo a gente recupera, economia também, menos a vida. Não dá para ter trabalho presencial, mas estamos com o remoto aí e ele se mostrou muito precário. Nós não temos infraestrutura, a internet em Macapá é muito falha, Prefeitura e Governo não garantiram aos alunos um celular ou tablet para que pudessem acompanhar as aulas, não pagaram a internet dos professores, profissionais da educação tiraram do próprio bolso para garantir a aula e trabalhar por horas. Eu sei disso, sou professor. Nós não somos youtubers, nem fomos qualificados para isso. Então, a Prefeitura tem logo que garantir equipamento adequado aos profissionais da educação, garantir infraestrutura nas escolas e levar internet para todos que precisam.
Diário – O que o senhor pensa sobre a verticalização de Macapá, a respeito da abertura de políticas públicas que permitem a construção de grandes edificações?
Gianfranco – Nós precisamos readequar o plano diretor, ele está desatualizado. Tudo tem que ser respeitado, pois o processo de verticalização da cidade traz outras consequências, como por exemplo, o surgimento de ilhas de calor. Nós já temos isso em Macapá e é um dos grandes problemas. Então, junto com a readequação do plano diretor da cidade, temos que ter um projeto de arborização, é uma ação necessária. Precisamos conversar com técnicos e especialistas para achar a melhor maneira possível de fazer isso, pois não podemos verticalizar e criar várias ilhas de calor.
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