Projeto liderado por menina de 12 anos alimenta famílias carentes no Amapá
Tirza Pantoja, de 12 anos, deu uma lição de solidariedade e amor ao próximo ao pedir aos pais para que um projeto que alimenta famílias carentes fosse desenvolvido pela família dela. O ‘Geladeira Solidária’ é um dos maiores exemplos de humanidade registrados no Amapá.

Elden Carlos
Editor-chefe
Dizem que para o convívio em sociedade, é imprescindível adotar algumas condutas, dentre elas: a solidariedade. E, ao contrário do que muitos acreditam, essa atitude não diz respeito apenas a ajudar os mais necessitados financeiramente. Até mesmo os mais abastados podem precisar do voluntariado. A solidariedade é um dos atos mais nobres e humanos no mundo em que vivemos, principalmente, em tempos de pandemia, como a que enfrentamos.
Mas, o que leva uma menina, de apenas 12 anos, a se importar com o próximo? A desenvolver o sentimento de empatia quando ela, na transição da fase infantil para a adolescência, deveria se importar apenas com brincadeiras e os estudos?
Para Tirza Pantoja, a estudante de 12 anos, a resposta é simples: amor ao próximo e aos mais necessitados.
Na manhã desta quarta-feira (28) Tirza, o irmão, Danilo, e seus pais, Lauadir e Mara Pantoja, abriram as portas de sua casa, localizada no conjunto Mônaco, bairro Jardim Marco Zero, zona sul de Macapá, para apresentar ao programa LuizMeloEntrevista (Diário 90,9FM) o projeto ‘Geladeira Solidária’.
Empatia
Tirza diz que observou a necessidade das pessoas em torno de sua casa, e que o pedido de alimentos no portão da residência passou a ser frequente. Tomada pelo sentimento de empatia, a menina diz que foi tocada e lançou um desafio para os pais.
“Muitas pessoas, todos os dias, vem aqui [em casa] pedir comida, não importa o horário. São adultos, idosos e até crianças, com fome. A gente sempre ajuda como pode. Então, pensei: por que a gente não pode fazer um projeto pra ajudar essas pessoas? Muitas delas não podem trabalhar nesse período por causa da pandemia, ficando sem o alimento. Eu apresentei a ideia para meus pais e eles concordaram imediatamente. Meus avós fizeram a primeira doação para que esse projeto acontecesse, e foi uma benção”, disse transbordando de alegria a pequena transformadora de vidas.
Gratidão
Professor e pastor da Igreja Batista, Lauadir Pantoja, de 46 anos, relatou o sentimento de gratidão pelo gesto partilhado da filha. Ele lembra que um dos motivadores para o início do projeto foi a visita de uma mãe de família à sua casa.
“Um dia a campainha tocou. Ao atender no portão, uma senhora me pediu autorização para cortar um galho do pé de capim-marinho que mantemos na frente de casa. Eu perguntei a necessidade daquilo e ela me respondeu que era para fazer um chá para os filho. As crianças não tinham o que comer. Aquilo partiu nossos corações e num estalo a Tirza surgiu com esse pedido. Hoje, graças a Deus, já estamos nos preparando para realizar a Geladeira Solidária Itinerante. Vamos levar essa ação para outros bairros, como o Zerão, no qual estaremos neste domingo (02), em uma das áreas de passarela. Ver as pessoas saciarem a fome e sorrirem com esperança é algo impagável”, disse o professor.
A cozinha
A cozinha do projeto Geladeira Solidária é comandada por Mara Pantoja, de 46 anos. O cardápio é variado de acordo com a necessidade, mas todos os condimentos são orgânicos. A família mantém uma horta nos fundos da residência. É dela que saem os temperos que dão sabor ao prato do dia.
“Não temos condimentos industrializados na nossa cozinha. Os alimentos são preparados com o que cultivamos na nossa pequena horta. Isso garante melhor saber e qualidade no que oferecemos. Mas, é importante frisar que além do alimento para o corpo, as pessoas levam junto com o marmitex o alimento pra alma. Todos recebem uma palavra de esperança e oração quando vem aqui. É preciso, também, manter o espírito alimentado com a palavra do Senhor”, diz Mara.
Apoio
Aos 16 anos, Danilo Pantoja, que toca instrumentos de corda e canta na igreja, apoia o projeto de forma incondicional. Foi ele o responsável pela edição do vídeo da irmã que viralizou na internet.
“A gente faz aquilo que é preciso ser feito. É um trabalho feito com muito amor para ajudar aqueles que tem fome. Isso é o gratificante, servir”, resume o adolescente.
O projeto
O embrião do projeto Geladeira Solidária distribuiu cerca de 60 marmitas de alimentos na primeira edição, além de dezenas de quilos de alimentos não perecíveis. Mas, para que a corrente de solidariedade seja ampliada e fortalecida, a família precisa, também, de apoio.
Alimentos não perecíveis ou doações em dinheiro podem ser feitas na residência dos Pantoja, no conjunto Mônaco. O contato para doações pode ser feito através do número de Whatsapp (96) 98124-1111. A família também disponibilizou o PIX 570.237.432.00 para facilitar a destinação de valores para apoio ao projeto.
Imagens: Joelson Palheta
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