Polícia

Deputado Alberto Negrão é alvo de operação da PF em esquema das ‘rachadinhas’

Esquema, que seria comandado pelo parlamentar, foi investigado a partir de dezembro do ano passado


A Operação Terça Parte, deflagrada nesta sexta-feira (14) pela Polícia Federal (PF), em Macapá, foi direcionada a três endereços do deputado estadual Alberto Negrão (PP), um deles no gabinete do parlamentar, na Assembleia Legislativa do Amapá (Alap) e de outras cinco pessoas. O grupo é suspeito de nomear funcionários fantasmas e de reter parte da remuneração de assessores, além de compra de votos. Os mandados de busca e apreensão foram expedidos pelo juiz Rivaldo Valente Freire, do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP), depois de representação da autoridade policial e parecer favorável do Ministério Público Eleitoral (MPE).

Além de três endereços do deputado estadual Alberto Negrão, que também é médico, a Polícia Federal fez busca e apreensão nos endereços de Mônica Loureiro Maciel, Hélio dos Passos Reis [que disputou eleição municipal, em 2020, com apoio de Negrão], Mirlene Loureiro Maciel, Renan Ferreira Rodrigues e Daiane Ferreira Abul Hosson, esta última sendo a chefa de gabinete do deputado.

A autoridade policial pediu prisão preventiva para Mirlene e Mônica Loureiro Maciel, Hélio dos Passos Reis, Daiane Ferreira Abul Hosson e Renan Ferreira Rodrigues, mas o juiz Rivaldo Freire decidiu por outras medidas cautelares.

As investigações que culminaram com a operação de hoje da PF iniciaram em 4 de dezembro do ano passado, com a apreensão de aparelho celular, cestas básicas e dinheiro que estavam em poder de Renan Ferreira, apoiador do então candidato a vereador Hélio Reis (Avante). Hélio, que tinha o apoio do deputado Negrão, obteve 1.991 votos e não conseguiu se eleger.


Da análise do material apreendido, foram constatados indícios de que o deputado Alberto Negrão se utilizava do cargo para nomear assessores em seu gabinete, indicar assessores na presidência da Assembleia Legislativa e no governo do Amapá, e, assim, confiscar a maior parte da renumeração dessas pessoas, além de usá-las para atividades ilícitas, como encarregar todos estes assessores da tarefa de comprar uma indeterminada quantidade de votos. Cada voto sairia ao preço de R$ 50,00.

Com Daiane Ferreira Abul Hosson, chefa de gabinete do deputado Alberto Negrão, a autoridade policial descobriu como funcionava o sistema da ‘rachadinha’, ou seja, quanto cada nomeado indicado pelo parlamentar deveria repassar a ele.

Segundo a autoridade policial, existem indícios de que Negrão, além de desviar a remuneração de assessores, também desviava cota parlamentar destinada para o aluguel de bens móveis.

O juiz Rivaldo Valente Freire também determinou a quebra de sigilo bancário de todas as contas de depósitos, contas de poupança das pessoas (57 no total), mencionadas nas planilhas encontradas na residência de Daiane Ferreira Abul Hosson, e que integram, ou integraram, o gabinete do deputado Alberto Negrão, ou, foram por ele indicados a outros cargos públicos. Na mesma decisão, que tem 16 páginas, o juiz determina o afastamento cautelar de todos eles do exercício das funções públicas, inclusive, do parlamentar. O pedido contra Alberto Negrão deve decido pelo plenário da Assembleia Legislativa do Amapá. A Alap se manifestou, em nota, limitando-se a informar que a operação atingiu única e exclusivamente o gabinete do deputado.


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