Wellington Silva

Grimualdo


Grimualdo Barbosa:

Homem simples, reservado, por vezes introspectivo, talento notável, arquiteto do barro, mente genial, criativa, idealizadora de cenários, formas, cores, tons, cantos e recantos do Amapá, da Mãe Natureza tucuju, das nossas mandalas ameríndias…

Em suas atuais e incríveis pirogravuras figuram belos mergulhões, flamingos, guarás, aves típicas da Amazônia, assim como figuram nossos caboclos, fazedores de farinha, ribeirinhos, tocadores de caixa e bailantes de Marabaixo.

Seu notável talento para a arte, inicialmente para a escultura, despertou cedo, ainda jovem, na qualidade de aluno da Escola de Artes Candido Portinari.

Grimualdo foi aluno de dois grandes mestres das artes plásticas do Amapá:

Herivelto Maciel e Luiz Porto!

Admirador da arte da saudosa Mestra Niná Barreto, histórica e grande referência da escultura amapaense, dela sofre algumas influências. Logo, logo, busca, pesquisa, faz experimentos e encontra seu próprio caminho, a metamorfose criativa própria das formas, com fortes expressões gestuais, movimentos, retratos vivos de nossa história, nossa cultura, nosso povo, nossa terra, nossa gente.

Em 1990 realiza sua primeira mostra plástica na Escola de Artes Cândido Portinari. Em 1993 ocorre o mais que merecido reconhecimento para expor seus trabalhos na capital federal, com apoio do Sebrae Amapá. Neste mesmo ano, diversas obras de sua autoria são selecionadas para exposição em um grande salão de arte. Na ocasião recebe o merecido e primeiro prêmio, categoria escultura em argila. Daí em diante suas obras provocam admiração e conquistam o Brasil e o mundo, e são adquiridas por diversos colecionadores, de várias nacionalidades.

Tive a honra de conhecer e acompanhar a trajetória deste grande artista amapaense desde a realização do Movimento Artístico Popular do Amapá-MOAP, a partir de 1984, ele ainda em sua fase embrionária como artista, mas desde já mostrando grande potencial para progredir no campo da escultura. Nesta época, o grande decano da pintura amapaense, Raimundo Braga de Almeida/R.Peixe, assim a ele se referiu:

“Este rapaz tem talento! É humilde, criativo e tem tudo para progredir como artista”.

E como progrediu!

Era professor, autodidata, da Escola de Artes Cândido Portinari.

Seus últimos trabalhos, expostos na União dos Negros do Amapá-UNA, durante o Encontro dos Tambores, por mim vistos e divulgados no Diário do Amapá, são belas pirogravuras que retratam nossa fauna e flora, mergulhões, flamingos, guarás, tocadores de caixa e bailantes de Marabaixo, além da construção de belas mandalas, expressões do artista para homenagear a nossa cultura indígena.

Jamais imaginava que este seria o último brinde e o último papo com esta grande figura da arte amapaense. Um homem simples, genial, mente sempre pulsante e criativa, parte integrante e muito significativa de nosso rico universo cultural tucuju.

Mas, um grande artista não morre! Ele nunca morre!

Seu nome e sua arte são imortais!