Em entrevista exclusiva, advogado garante que delegado Sidney Leite é inocente
Ex-titular da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes é um dos principais alvos da Operação Queda da Bastilha

Douglas Lima
Editor
“O delegado Sidney Leite é inocente, vai ser solto e absolvido; podem esperar”. A declaração foi feita na manhã desta sexta-feira, 4, no programa ‘LuizMeloEntrevista’ (Sistema Diário de Comunicação), pelo promotor de justiça aposentado Pedro Leite, advogado de defesa do ex-titular da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE) da Polícia Civil do Amapá, Sidney leite, que se encontra preso como um dos principais alvos da operação Queda da Bastilha, com deflagração em curso pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e Polícia Federal (PF).
É a primeira vez que a defesa fala com a imprensa sobre o assunto desde a prisão do delegado, que chefiava uma das mais importantes delegacias do Amapá.
A Queda da Bastilha, até agora executada em três fases, segundo informações do Gaeco e PF, visa reprimir uma organização criminosa estruturada, com atuação dentro e fora do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), responsável por diversos crimes como tráfico de drogas, associação para o tráfico, falsidade ideológica, prevaricação, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
No processo em andamento, o delegado Sidney é enquadrado como membro da organização criminosa, investigado à luz de conversas por telefone captadas entre ele e Tio Chico, uma liderança do crime organizado no Amapá, que também se encontra recluso em presídio federal de segurança máxima pela prática de vários crimes. Nas conversas telefônicas, haveriam provas de que a autoridade policial e o detento teriam uma relação de conluio para a prática dos crimes a eles imputados.
O delegado Sidney Leite já teve uma Habeas Corpus a favor dele negado pela Justiça do Amapá, através do desembargador Carmo Antônio, que antes de decidir pela medida ouviu o Ministério Público, do qual o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado é um braço.
Falando ao programa ‘LuizMeloEntrevista’, pelo telefone, diretamente do Rio de Janeiro, Pedro Leite comparou o caso do ex-titular da DTE aos de algumas outras autoridades e políticos amapaenses que, como disse, foram presos e desmoralizados por operações policiais, mas depois revelados como inocentes.
O advogado lembrou que por mais de dez anos o delegado em questão atuou na Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes, tendo se afastado em meados de abril passado para se lançar candidato a deputado estadual, pelo PTB.
“Ao longo de todo esse tempo, Sidney Leite se notabilizou na sociedade amapaense como um bom delegado de polícia civil que de uma só vez chegou a apreender uma tonelada de drogas, e também como pai de família exemplar”, elogiou.
Pedro Leite alertou que a Polícia Civil trabalha com serviço de inteligência, e que um dos meios para elucidar casos e obter informações é contar com delatores ou informantes. Ele garantiu que Tio Chico era informante de Sidney, não comparsa.
O promotor aposentado também garantiu que em nenhum ponto das conversas captadas pela Polícia Federal e Gaeco, entre o criminoso Tio Chico e Sidney Leite, há algo que comprometa a idoneidade do delegado. Indagado sobre a promessa do então titular da DTE a Tio Chico de um local para se abrigar e de um carro blindado para ajudar numa possível fuga do Iapen, Pedro Leite disse que isso foi uma estratégia do delegado para “ganhar a confiança e ter mais informações sobre o tráfico de drogas”.
Pedro Leite garantiu que muitas autoridades da Polícia Civil sabiam que Sidney tinha Tio Chico como informante, entre elas, o delegado geral e o delegado da polícia especializada.
“A relação entre Sidney Leite e Tio Chico era uma relação profissional. Isso está provado documentalmente. No processo consta que em nenhum momento o delegado pediu dinheiro ou alguma coisa que representasse um comprometimento com o crime”, asseverou o advogado.
O promotor aposentado, que é tio do delegado, na entrevista chegou a denunciar que Tio Chico foi torturado na fase da Operação Queda da Bastilha no Iapen para o Gaeco e a Polícia Federal chegarem ao telefone celular do prisioneiro, encontrado supostamente encravado num livro.
O entrevistado explicou que estava se pronunciando somente naquela ocasião porque no início da prisão a defesa não pode se pronunciar. “Isso só pode ser na fase do inquérito e na ação penal, que é o momento em que estamos”, fechou o assunto.
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