Justiça condena nutricionista e policial penal acusados de facilitar entrada de drogas no IAPEN
Letícia Kenia e Dorinelson Picanço foram presos durante a operação Blindness, em fevereiro

O juiz Diego Moura de Araújo condenou, na segunda-feira (19), a nutricionista Letícia Kenya Kemmer Staut Ferreira (28 anos) a nove anos e três meses de prisão; e o policial penal Dorinelson Santos Picanço a 11 anos e três meses, no regime fechado. Eles foram presos em março deste ano durante a Operação Blindness (cegueira) deflagrada pelo Gaeco (Ministério Público do Amapá) e Polícia Federal.
Letícia e Dorinelson foram condenados por facilitar a entrada de 11 quilos de drogas, 48 celulares, um revólver e 66 munições no Instituto de Administração Penitenciaria do Amapá (Iapen). O material estava escondido na cozinha do presídio, onde Letícia era gerente. Cabe recurso à decisão.
Rafael Mendonça Góes, 33 anos, também era investigado no esquema, mas ele foi morto dentro da penitenciária após ter mandado de prisão preventiva cumprido na operação “Queda da Bastilha”, da Polícia Federal, que investiga o esquema de drogas dentro da prisão.
De acordo com a sentença do juiz Diego Moura, Letícia Kenia teria relação de proximidade com Rafael, que foi relatada por testemunhas e também confirmada por mensagens interceptadas pela polícia como “vou ficar com saudades”.
Os indícios apontaram que Letícia foi uma das responsáveis pela entrada do material na cozinha do complexo penitenciário, no dia 1º de fevereiro, e manteve ocultado até o dia em que foi descoberta, enquanto Rafael teria a incumbência de fazer chegar aos pavilhões.
O juiz entendeu que “não há dúvida do prévio planejamento e respectivo acerto entre os dois para a entrada da caixa tendo total ciência de que lá havia conteúdo ilícito”.
De acordo com sentença, a nutricionista confessou ter recebido a caixa, mas alegou que não sabia que tinham armas dentro dela. No total, Letícia Kenia foi condenada a nove anos e três meses de reclusão e a um ano e quatro meses de detenção. Ela poderá recorrer da sentença em liberdade.
Já Dorinelson Picanço foi incluído no processo por ter facilitado a entrada do material na penitenciária ao deixar a guarita de segurança no momento em que chegava a caixa com as drogas, tendo se deslocado do posto e ido em direção da nutricionista na sala UVD. Testemunhas relataram que “havia comentários entre a população carcerária e os servidores que ele poderia estar facilitando a entrada de produtos ilícitos”.
“O réu Dorinelson deveria estar no posto de fiscalização, controlando a entrada e saída de veículos, bem como o que cada automóvel descarregava dentro do Iapen. No entanto, os próprios colegas de trabalho não souberam o porquê do réu ter abandonado o posto naquele dia e se dirigido ao setor de raio-X”, relatou o juiz na sentença. Provas testemunhais produzidas em juízo apontaram que o policial já era conhecido por fazer atividades ilícitas dentro do Iapen, sendo comprovadas pelo registro do telefone celular dele no contato de outros presos com a gíria de “corre”.
Dorinelson Santos Picanço foi condenado a 11 anos e três meses de reclusão e dois anos e 20 dias de detenção. Ele já estava preso preventivamente e vai continuar na mesma condição. O juiz Diego Moura também determinou que ele perca o emprego público de policial penal.
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