Cidades

Aprovado: vendedor de água passa em teste físico e será soldado da PM

Dirlei Damasceno integra a turma dos 600 primeiros aprovados no concurso público de 2022 da PM.


 

Railana Pantoja
Editora-chefe

 

Foi como muitos brasileiros que lutam para ter o pão de cada dia que Dirlei Damasceno, de 31 anos, percebeu a importância de mudar de vida através dos estudos. Vendedor de água mineral, Dirlei não se envergonha da profissão que tem, mas estudando ele foi além: focou no concurso de soldados da PMAP, em 2022, e colheu os frutos ao ver seu nome na lista dos 600 primeiros que vão compor a 1ª turma.

Esta não é a primeira vez que ele tenta ingressar na corporação: em 2017, no concurso anterior da PMAP, Dislei ficou no cadastro reserva, mas não foi chamado. Ele continuou estudando para outros concursos, até ter a oportunidade de tentar novamente o da PM, em 2022.

 

“Desempregado, fui atrás de emprego. Foi quando apareceram uns conhecidos meus e me deram uma força para eu vender água, perto deles. Fiquei um tempo trabalhando com elas, mas depois comecei a vender por conta própria nos sinais. Sempre continuei estudando, aí veio o edital da PM novamente e fiz, já que nunca parei de estudar nos últimos anos e acabei acumulando conhecimento. Inclusive, foi com o dinheiro da água que paguei as inscrições nos concursos da PM e BM”, conta Dirlei Damasceno.

 

Vendedor de água, Dirlei sempre tentou conciliar os estudos e o trabalho nas ruas da cidade, já que precisava sustentar a família e custear melhores condições para estudar.

“Paguei as inscrições e adquiri um pacote de internet para estudar, tudo com dinheiro da venda de água. Também dividi com uns colegas a assinatura de questões de concurso; como eu já tinha bastante conteúdo, decidi estudar mais resolvendo questões, para fixar”, detalha.

 

Após a fase de conhecimentos, Dirlei passou a se preparar fisicamente para fazer a avaliação de capacidades físicas, pois a aprovação é necessária para continuar rumo ao curso de formação de soldados. Foi em busca dessa preparação que ele encontrou “anjos”: Felipe Oliveira e Jamaira Carvalho, proprietários de um centro de treinamento e que deram uma bolsa ao jovem sonhador.

“No dia que ele chegou, inclusive acho que ele estava vendendo água, porque ele chegou com uma cuba e chapéu, ele foi atrás de informações. Alguém falou da nossa equipe para a mãe dele e ele foi lá. Eu dei as informações pra ele, mas ali percebi que tinha algo de especial. Combinei com ele para que voltasse no dia seguinte, pronto pra treinar já. Aí no outro dia ele chegou lá, com calça jeans e tênis e disse que estava pronto pra treinar. A gente deu um jeitinho e ele iniciou os treinos”, relembra Jamaira Carvalho.

 

Durante os treinos, os professores deram a ideia a Dirlei de vender água não mais nas esquinas da cidade, de forma desgastante, mas sim dentro do centro de treinamento para os colegas. A ideia foi aceita, e assim ele conseguiu treinar com mais energia.

 

Após o TAF realizado nesta semana, Dirlei continua trabalhando com a venda de águas, e diz que vai seguir até começar o curso de formação de soldados, já que será necessário ainda custear exames médicos e vestimentas para o curso.

 

“Continuo com a venda, porque a gente precisa achar um meio para sobreviver. Mesmo com uma oportunidade dessa à vista, qualquer coisa pode acontecer, então preciso me manter até lá”, finalizou Dirlei .


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