Cidades

Falta de mais profissionais especializados dificulta diagnóstico do autismo no Amapá

Advogado Helder Afonso, que é autista, aponta problemáticas e soluções para destravar a fila de diagnóstico no estado


Railana Pantoja
Editora-chefe

 

O advogado Helder Afonso, que é autista e levanta a bandeira em busca de melhorias, participou na manhã desta segunda-feira (03) do programa ‘Luiz Melo Entrevista’ (Diário FM 90,9) e falou sobre diversos aspectos, de políticas públicas ao convívio familiar, que perpassam pela vida das pessoas que têm o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

 

Helder exemplificou sua própria dificuldade em descobrir o TEA, e relembrou que passou quase a vida toda com a dúvida, por falta de diagnóstico correto, o que é uma das grandes dificuldades para as famílias.

 

“Eu tive um diagnóstico que nós chamamos de autismo regressivo: é quando você passa a vida inteira desconfiando que tem alguma coisa e, ao longo da vida, vai procurando psicólogo e médicos habilitados para ter o diagnóstico correto. Hoje o diagnóstico é transformado em uma luta, ainda somos muito incipientes no sentido de emitir laudo e terapia. Nesse sentido, é muito importante o dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, para que a gente cesse com diversos fatos até preconceituosos”, ressaltou.

 

O advogado falou que embora exista força de vontade do Estado e dos Municípios, uma grande dificuldade para se ter o diagnóstico diz respeito à falta de profissionais qualificados no Amapá para isso.

 

“Existe uma participação muito importante de diversos profissionais para laudar o autismo. Nós temos nas redes municipal e estadual, uma rede de atendimento, mas ela precisa ser ampliada. Só que até os profissionais são difíceis de encontrar. Todos nós sabemos que quem dá laudo é médico, e temos uma legislação que permite somente o neurologista laudar e o psiquiatra, então são dois laudos. Porém, ainda que o poder público queira e tenha boa vontade, eles ficam de mãos atadas com a falta de profissional”, relatou Helder.

 

Uma das alternativas apontadas pelo advogado seria a ampliação de oferta de cursos e especializações pelas instituições de ensino públicas e privadas no estado.

 

“A Ueap, por exemplo, poderia ofertar um curso de Medicina, um curso de fonoaudiologia, terapia ocupacional; tudo isso para oferecer possibilidades de destravar a fila de diagnóstico. E não só a Ueap, outras instituições, como as privadas, também. Outra saída seria autorizar, por meio de legislação, que o pediatra possa laudar. Mas essa é uma discussão que ainda está no campo político”, finalizou Helder Afonso.

 


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