Pesquisadora diz que discussão sobre petróleo na costa do Amapá é por falta de estudos sobre a região
Janaína Calado lembra que parte do pouco conhecimento que se tem dos corais no litoral amapaense ainda é decorrente de dragagem feita por um inglês em 1977

Douglas Lima
Editor
Para a professora, pesquisadora e extensionista da Universidade do Estado do Amapá (Ueap), Janaína Calado, a exploração de petróleo na costa amapaense alcança toda a dificuldade ora testemunhada para o seu licenciamento em virtude do muito pouco estudo que se tem a respeito do encontro das águas barrentas do rio Amazonas com as azuis do oceano Atlântico.
A professora, que também tem formação em biologia marinha, registra que não existe estudo suficiente nem sobre a corrente formada na foz do rio Amazonas, quando as águas se encontram. Janaína Calado revela que por conta dessa falta de informação, a Ueap, em serviço de extensão, utiliza a “ciência cidadã”, ou seja, observações de moradores do litoral sobre o mar repassadas para a academia.
A pesquisadora ensina que os sedimentos de corais na costa do Amapá são únicos no mundo, e em profundidades que variam de 70 a 200 metros, mas que também chegam a até 2 mil metros. “É uma floresta de mar com águas marrons, quando os corais costumam proliferar em águas verdes e azuis, pois precisam de luz e temperatura mediana. Isso tem que ter um estudo aprofundado, mas por enquanto ninguém conhece nem a corrente marinha formada a partir da foz do rio Amazonas”, descreve Janaína.
A pesquisadora lembra que parte do pouco conhecimento que se tem dos corais existentes no litoral amapaense ainda é decorrente do estudo que um inglês fez em 1977, com dragagem, fazendo emergir várias espécies de esponjas e peixes que estavam no fundo do mar, mas que a partir de 2016 pesquisas são realizadas na região.
Janaína Calado também lembra que na década dos anos 1970 houve a primeira tentativa de prospecção de petróleo naquela região. A discussão sobre o assunto, segundo a pesquisadora, é antagônica porque vem de décadas passadas, sem aprofundamento de estudos. Ela acha que a exploração de petróleo não deve suscitar discussão apenas no que diz respeito a recifes de corais no Amapá, mas ser estendida até ao Rio Grande do Norte, uma vez que o ecossistema é contínuo.
A professora da Ueap defende a realização de estudos do impacto que uma exploração de petróleo poderia ocasionar nas comunidades litorâneas, e ainda sobre o que aconteceria com os manguezais. Por fim, ela reconhece a necessidade da exploração de petróleo, em razão da transição energética prevista para daqui a dez anos, mas que neste arcabouço, se for dado licenciamento para os serviços, a população do Amapá deve ter prejuízo, porque não dispõe de mão-de-obra especializada para trabalhar numa plataforma, por exemplo, e a base logística da prospecção será o Pará.
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