Cidades

‘Marabaixo nas Escolas’ sai de Macapá e chega a Porto Grande

Programa, existente há sete anos no âmbito da capital, pela primeira vez vai para o interior


 

Douglas Lima
Editor

 

A Escola Estadual ‘Cristina Botelho’, de Porto Grande, abriga nesta sexta-feira, 16 de junho, Dia Estadual do Marabaixo, das 9h às 11h30min, o evento ‘Roda de Saberes’, atividade do programa ‘Marabaixo nas Escolas’, que existe há sete anos no âmbito de Macapá e que pela primeira vez chega no interior.

 

Um dos idealizadores e executores do projeto, Rosivaldo Silva Gomes, o ‘Dinho Paciência’, esteve na manhã desta quinta-feira, 15, no programa ‘LuizMeloEntrevista’ (Diário FM 90,9), divulgando o evento em Porto Grande e ressaltando que o Marabaixo nas Escolas integra o projeto ‘Cantando Marabaixo’, pertencente à Nação Marabaixeira e Fundação Marabaixo. O outro idealizador e executor é Carlos Piru.

 

A Roda de Saberes abordará pelo menos 11 assuntos, entre eles ‘O projeto Cantando Marabaixo como ferramenta pedagógica sob o olhar de um professor’, ‘O ser ancestral nas escrevivências do Cantando Marabaixo nas Escolas’, ‘Formação, valorização e políticas para a superação do racismo no espaço escolar’ e ‘ações efetivas de superação do racismo no currículo da instituição nos cursos e, especialmente, nas licenciaturas.

 

Dinho Paciência ressaltou que o objetivo do evento em Porto Grande será dialogar sobre formação necessária e propostas didático-pedagógicas através de projetos como instrumento de viabilização da aplicação das leis antirracistas, decolonialista e interculturais no fazer pedagógico das escolas.

 

O ativista também apontou a apresentação do projeto Cantando Marabaixo como possibilidade de se trabalhar a Lei 10.649/03, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática ‘História e Cultura Afrobrasileira e admitir a Educultura Marabaixeira como ação pedagógica.

 

Rosivaldo Silva Gomes, o Dinho Paciência, que é professor, aproveitou o programa radiofônico para lembrar e relembrar do griot Mané Paciência e das griotes Vó Venina e Tia Zefa, essa última que ainda vive aos 106 anos de idade. Griot é o sábio africano porta-voz da ancestralidade da raça com a missão de registrar as histórias dos grandes reinos africanos, de pessoas comuns, da cultura e da religiosidade. Griote é o feminino de griot.

 

Dinho inclusive declamou poesia feita por ele em homenagem a Mané Paciência, seu avô:

Você conhece o Mané?
O Mané Paciência
Tirador de ladrão
Com grande paciência
Mané Paciência foi um grande cidadão
Contador de história preta
Nos versos do ladrão
Da bandaia e marabaixo foi o grande
Campeão
Tia Zefa e Dona Cândida
Não cansavam de contar
Como Mané Paciência
Outro igual não há
Nas suas composições
Escreveu suas vivências
Da história preta contou
Dos causos do trabalho, do racismo, da
Exclusão dos tempos de Janary Pe. Júlio
E inquisição
Com saber e inteligência
Sem frequentar a escola
Seu sonho era aprender a escrever e tocar
Viola
Não pôde aprender a ler e nem tocar viola
Pois como cantou Ladislau
No tempo de Janary, preto não tinha vez

 

 


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