Bailique, arquipélago onde população sofre submetida a fenômenos naturais
Titular da Caesa diz que devido à posição geográfica, distrito de Macapá está à mercê de salinização de água e das terras caídas

Douglas Lima
Editor
Para o diretor-presidente da Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa), Jorge Amanajás, as soluções para os problemas do arquipélago do Bailique, distrito do município de Macapá, têm que ser simples, para dar certo, porque as soluções muito complexas acabam não dando resultado positivo.
O titular da Caesa deu a declaração na manhã desta quarta-feira, 28, no programa ‘LuizMeloEntrevista’ (Diário FM 90,9), considerando a situação geográfica do Bailique, sujeita ao fenômeno das terras caídas e com as suas águas doces salinizadas pela invasão do oceano Atlântico, desequilíbrio da natureza provocado mais intensamente pelo fechamento da foz do rio Araguari sob a ação da bubalinocultura sem currais e construção de hidroelétricas.
Jorge Amanajás registrou no programa radiofônico que tradição oral vinda dos antepassados moradores do arquipélago transmite que a salinização das águas doces acontecia a cada 30-40-50 anos, mas que ultimamente esse fenômeno se intensificou, porque o Araguari, rio caudaloso, banhava parte do arquipélago, com água doce.
“Agora, como não tem mais a boca do rio Araguari, a água está sendo escoada pelo rio Gurijuba. Isso fez com que o oceano avançasse, provocando a intensa salinização que se vê hoje. Estamos fazendo estudos, procurando as soluções, e as soluções normalmente têm que ser as mais simples, pra dar certo; soluções muito complexas para aquela região acabam não dando certo a médio e longo prazo”, disse o diretor-presidente.
Jorge revelou que o problema de salinização no Bailique atinge mais de 90% das comunidades, a maior parte do ano. Segundo ele, durante praticamente oito meses no distrito não tem água em condições de tratamento e consumo, período esse que vai de junho até meados de março.
O diretor-presidente justificou que em razão do problema o governo do estado, através da Caesa, resolveu fazer trabalho emergencial com captação de água da chuva. No fim de semana ele esteve no Bailique com equipe de serviço. “Estivemos distribuindo caixas d’água de dois mil litros, que serão instaladas num segundo momento, para captar água da chuva e tratar com cloro. Isso vai amainar o problema, principalmente no período chuvoso, para armazenar durante uns três meses. Pelo menos água pra beber e cozinhar eles terão”, amenizou.
Jorge Amanajás também informou que paralelamente à reserva de água da chuva o governo testa um equipamento para dessalinizar as águas do arquipélago. Os testes devem demorar dois ou três meses. “Se der certo, nós vamos adquirir esse equipamento para várias comunidades da região”, esperançou.
O titular da Caesa ainda revelou que o sistema de captação de água da chuva pode ser destruído por outro fenômeno presente no Bailique, o das terras caídas. Ele exemplificou citando o caso de Vila Progresso, a maior comunidade do arquipélago, que no fim de semana apresentava as terras caídas à distância de cerca de dez metros da água captada. “Daqui a alguns meses devemos perder também esse sistema”, lamentou.
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