Cidades

Madeira extraída por plano de manejo sustentável garante renda para mais de mil famílias em Mazagão

Benefício acordado entre governo do estado, iniciativa privada e comunidade injeta mais de R$ 1 milhão por mês na economia local


 

Em Mazagão, um modelo inovador de gestão florestal impulsiona a economia e gera empregos na região sul do estado. O Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Maracá garante renda sustentável à comunidade por meio da Bolsa Floresta, benefício acordado entre o governo do estado e a iniciativa privada, que reflete compromisso conjunto com práticas que preservam a natureza e impulsionam o desenvolvimento local.

 

O plano de manejo florestal sustentável executado pela Associação dos Trabalhadores do Assentamento Agroextrativista do Maracá (Atexma), em parceria com a empresa Ecoforte Bioenergia, destina 98% dos recursos da extração da madeira para a comunidade. O valor representa R$ 1 milhão mensal na economia da região, e a renda de R$ 1.058 para mais de mil famílias da região.

 

 

Manejo muda vida das pessoas

Aliar desenvolvimento e sustentabilidade pode ser possível com boas práticas como a do manejo, que está mudando a vida das pessoas da região. Esse é um dos passos para iniciar a transformação que pode elevar os indicadores sociais do Amapá, que já têm os maiores índices de preservação ambiental.

 

A técnica em enfermagem, Paula Dias, de 65 anos, é uma das beneficiárias da Bolsa Floresta. O auxílio vai permitir que a moradora da comunidade Maracá realize a reforma da casa dela, além de quitar as prestações que estava devendo.

 

 

“Com certeza está tendo evolução na nossa comunidade, estão crescendo as coisas; as pessoas estão conseguindo comprar seus materiais de casa, como geladeira, freezer, televisão, muitas coisas que a gente não poderia comprar hoje, sem essa ajuda; a gente está conseguindo. Espero que nós continuemos assim, com essa parceria que tenho certeza vai dar certo para a vida de muitas pessoas, principalmente dos assentados. É um benefício que vai alcançar a todos”, celebra Paula.

 

Neste modelo de gestão florestal, as árvores são selecionadas de forma inteligente, organizada e dentro da legalidade. Há quatro meses, o projeto ganhou a Autorização de Exploração Florestal (Autex), emitida pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema). O documento estipulou o valor por m³ da unidade da madeira e a volumetria total de extração, que foi dividida em dez parcelas mensais para o pagamento da Bolsa Floresta.

 

Renda fixa e economia alternativa

A economia da comunidade do Maracá era baseada na agricultura, aposentadorias e auxílios governamentais. Trabalhando com a venda de comidas e bebidas, José Gomes, de 31 anos, notou a diferença no comércio após a implantação do projeto. Para ele, além de dinamizar a matriz econômica da região, o manejo florestal trouxe comodidade para a vida dos maracaenses.

 

 

“Hoje podemos nos planejar financeiramente para todo fim de mês, porque já sabemos que tem uma renda fixa para pagar um boleto bancário, para pagar o crediário de uma loja, para ir até Macapá, se deslocar e trazer a cesta básica para dentro da família. O manejo florestal trouxe a harmonia para o Maracá, porque quando entra uma renda extra na família de cada cidadão se chama qualidade de vida”, destaca o morador.

 

Com cerca de 162 mil hectares, o maior plano de manejo com base comunitária em extensão do mundo, tem a previsão de ser executado por mais 14 anos. Já foram pagas quatro parcelas, restando ainda mais seis, até julho deste ano. A estimativa é de que ao fim do ciclo anual o valor mensal do benefício seja reajustado para R$ 1,4 mil, proporcionalmente ao tamanho da área efetiva de manejo, que deve aumentar.

 

Amapá como modelo sustentável para o mundo

O plano de manejo florestal sustentável que gera renda para a comunidade e mantém a floresta de pé foi apresentado, pelo governador do Amapá, Clécio Luís, para mais de 38 países da Europa em reunião na quinta-feira, 25, em Brasília, a convite da embaixada austríaca.

 

Embaixadores de países como Sérvia, Noruega, Macedônia do Norte, Suíça, Japão, Luxemburgo, Arábia Saudita, Marrocos, Espanha, Finlândia, Holanda, Dinamarca, Omã e Singapura se mostraram surpresos com as iniciativas já implementadas pelo governo do estado, e entusiasmados em conhecer o Amapá de perto.

 

Em 2023, o modelo inovador e único no mundo foi exemplo durante a participação do Amapá na COP 28, a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU) que reúne mais de 190 países.

 


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