Cidades

Paciente de Macapá passa por transplante musculoesquelético em hospital de Belém

Cirurgia foi realizada, via SUS, no mecânico Alfredo Oliveira, que teve recuperado membro inferior esquerdo após sofrer múltiplas fraturas na perna, joelho e coxa, em acidente grave no trânsito


 

O Pará se inclui entre os estados brasileiros que fazem transplante musculoesquelético, procedimento cirúrgico ainda raro no mundo, e tem num macapaense um dos beneficiados por esse avanço da medicina. Trata-se do mecânico Alfredo Oliveira, de 55 anos, que teve recuperado o membro inferior esquerdo após sofrer múltiplas fraturas na perna, joelho e coxa.

Alfredo foi o segundo paciente submetido ao transplante, em 28 de fevereiro passado, no Hospital Maradei, em Belém, através do Sistema Único de Saúde (SUS). Considerada um sucesso, a mesma operação já fora feita em 16 de janeiro deste ano, de forma inédita, no Pará, no professor Juan Paixão da Silva, de 40 anos, de São Sebastião da Boa Vista, no mesmo hospital.

O professor sofreu um acidente de moto em janeiro de 2023, que provocou o rompimento de três ligamentos do joelho direito. Na ocasião, o enxerto para o transplante foi disponibilizado pelo Banco de Tecidos Musculoesqueléticos do IOT – Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da USP.

O médico responsável pelos dois transplantes foi o ortopedista João Alberto Maradei, especialista em cirurgia de joelho. Ele explica o macapaense Alfredo sofreu múltiplas fraturas na perna, joelho e coxa esquerdos, enquanto o joelho direito sofreu rotura de todos os ligamentos.

As fraturas do lado esquerdo foram tratadas em Macapá, na época do acidente. Já a cirurgia, de alta complexidade e que precisava ser feita no joelho direito, motivou a transferência do paciente para Belém, onde foi realizada a reconstrução multiligamentar por meio de transplante musculoesquelético.

“O transplante foi necessário porque o paciente rompeu todos os ligamentos das articulações. Nesse tipo de cirurgia, geralmente retiramos enxertos de ambos os joelhos do próprio paciente para a reconstrução, mas, nesse caso, não foi possível porque os dois joelhos estavam bastante comprometidos. Então, a solução foi solicitar o enxerto de um banco de tecidos e realizar o transplante”, destaca o ortopedista.

 

O material para o transplante foi disponibilizado pelo Banco de Tecidos Musculoesqueléticos do INTO (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia), no Rio de Janeiro. “Dessa forma, pudemos realizar a reconstrução dos ligamentos do joelho do paciente. A próxima etapa agora é a fisioterapia. Será um longo processo até que ele se recupere totalmente.” ressalta o médico.

 

Alfredo Rebelo já recebeu alta do hospital. Ele conta que, quando sofreu o acidente, trabalhava como autônomo, entregando água. Após o acidente, não conseguiu mais trabalhar, porque não sentia sustentação nas pernas. Ficou parado e passou a depender da ajuda de familiares e amigos.

 

Com o transplante, ele espera se recuperar e voltar às atividades normais de trabalho. “Graças a Deus foi feita a reconstrução do meu joelho, fui bem atendido, farei fisioterapia e, daqui pra frente, é só vitória”, diz, com entusiasmo.

 

Transplante musculo esquelético

O transplante musculoesquelético beneficia pacientes com perdas ósseas decorrentes de tumores, traumatismo, portadores de deformidades congênitas, lesões ligamentares das articulações, que necessitam de revisões de artroplastias (joelho, quadril, cotovelo, ombro), dentre outros.

 

O material para o transplante inclui ossos, tendões, cartilagens, meniscos e demais tecidos responsáveis pela sustentação e movimentação do corpo humano. É proveniente de doadores e captado, processado, armazenado e distribuído por bancos de tecidos. No Brasil, há apenas cinco bancos de tecidos para atender hospitais em todo o país.

 

No Pará, o Hospital Maradei é o único habilitado a realizar esse tipo de transplante, após passar por rigorosas etapas de certificação, envolvendo avaliação da Central Estadual de Transplantes – CET-PA e do Ministério da Saúde.

 

O médico ortopedista, João Alberto Maradei, explica que esse tipo de transplante, apesar da complexidade, permite uma reabilitação mais abreviada, além do paciente não precisar tomar medicação para evitar a rejeição do enxerto.

 

Outro ponto positivo é que, uma vez identificada a necessidade do enxerto de banco de tecidos, a compatibilidade entre doador e receptor é bem mais simples do que a do transplante de outros órgãos, o que ajuda na redução do tempo de espera pela cirurgia.

 

 


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