Mazagão Velho celebra 248 anos da Festa de São Tiago

 

Célio Alício
Redação DA

 

A comunidade de Mazagão Velho realizou na sexta-feira (25) o Círio de São Tiago após missa campal celebrada na frente da capela homônima pelo padre Rafael Bastos, de Tartarugalzinho, que substituiu Dom Antônio de Assis Ribeiro, bispo diocesano de Macapá. A celebração e o cortejo com a imagem do santo estão entre os principais eventos da Festividade de São Tiago, uma das mais importantes do calendário religioso e sociocultural do Amapá. Milhares de pessoas entre autoridades, moradores e pessoas vindas de outras localidades do Amapá e de outros estados, participaram do evento.

A festividade que é realizada anualmente entre os dias 16 e 28 de julho na tradicional localidade que em 2025 completou 255 anos de fundação. A organização e realização estão sob a responsabilidade do Instituto Federal Festa de São Tiago, formado por moradores da comunidade local, e conta com o apoio incondicional do Governo do Estado do Amapá (GEA), da Prefeitura Municipal de Mazagão (PMMz) e dos senadores Randolfe Rodrigues e Davi Alcolumbre, do Ministério da Integração de Desenvolvimento Regional cujo titular é o ex-governador Waldez Góes, entre outros.

Durante o período de realização da grande festa, o distrito de Mazagão Velho, distante 64,9 km de Macapá, tem e tornado há três anos a capital simbólica do Amapá, por determinação do governador Clécio Luís, que passa despachar no Palácio Rio Mutuacá. A oficialização ocorreu na terça-feira (22) e tem por objetivo promover a valorização da tradição e da cultura local.

Além da missa e da procissão, o ponto culminante da festividade que combina rituais religiosos, teatralização a céu aberto e cavalhada, é a encenação da guerra santa entre mouros e cristãos ocorrida no século XVIII na cidadela de Mazagão, construída pelo império colonial português no norte da África no século XVI, e que atualmente é a cidade de El Jadida, no Marrocos. A disputa por esse território colocou em conflito colonos e militares portugueses católicos de um lado, e africanos muçulmanos, os mouros, de outro.

Segundo a tradição revivida pelo povo de Mazagão Velho, em meio às batalhas que marcaram esse conflito, emergiram com destaque as figuras de São Tiago e São Jorge, que se transformaram em soldados e lutaram com bravura e coragem e decidiram a guerra em favor do exército cristão, nascendo desse contexto o componente místico que faz com que a comunidade de Mazagão Velho passasse a  rememorar desde 1777, portanto, há 248 anos, a guerra santa ocorrida no norte da África.

Após a missa e a procissão, o roteiro da cavalhada é composto respectivamente pelas seguintes etapas: dança do Vominê para convidados e em residências locais; passagem do “Bobo Velho”; toque de meio-dia na igreja e na casa dos figurantes; apresentações artísticas no balneário; e saída do arauto anunciando o início da batalha, que se desenrola cronologicamente com a “descoberta do Atalaia”, “morte do Atalaia”, “Armadilha” (emboscada feita pelos cristãos), “captura e venda das crianças e partilha do dinheiro”, “troca do corpo do Atalaia pela bandeira moura”, “batalha entre mouros e cristãos, tomada do estandarte mouro e batalha final” e “Vominê” (dança da vitória dos cristãos)

Além da parte religiosa, uma vasta programação artística e cultural é realizada ao longo dos 12 dias da festividade, contando com a participação de grandes atrações locais e nacionais, com destaque para a aparelhagem Luxuoso Hipersom, no Barraco de São Tiago e a aparelhagem Rubi – A Nave do Som, no Campo Osmundão.

A Festa de São Tiago de 2025 se encerra na segunda-feira (28) com a Festividade de São Tiago das Crianças e traz além da reafirmação da devoção religiosa ao santo católico, inegáveis dividendos políticos, econômicos, socioculturais e artísticos, gastronômicos e turísticos para a vila bicentenária e sua população.

 

 

 

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