Audiência Pública reafirma importância da discussão e do enfrentamento do suicídio no Estado do Amapá
Iniciativa integrou a campanha Setembro Amarelo e teve como objetivo ampliar o diálogo sobre saúde mental

Na manhã desta segunda-feira (29), a Assembleia Legislativa do Estado do Amapá (Alap) sediou audiência pública promovida pelo deputado Pastor Oliveira (Republicanos) para discutir a prevenção do suicídio: “Diálogos e ações concretas”. A iniciativa integrou a campanha Setembro Amarelo e teve como objetivo ampliar o diálogo sobre saúde mental, compartilhar informações, levantar propostas de ação e, sobretudo, “quebrar o silêncio em torno desse tema tão delicado”, destacou o parlamentar.
Segundo Pastor Oliveira, o espaço de debate dentro do Parlamento amapaense fortalece a conscientização, aproxima redes de apoio e reafirma a importância de falar sobre o tema como primeiro passo para salvar vidas. O deputado ressaltou que o propósito maior do evento é dar um pontapé inicial em uma missão de conscientização permanente, levando o trabalho a todos os cantos do Amapá — das regiões periféricas às áreas rurais — e envolvendo escolas, secretarias de saúde e de assistência social.
A mesa de debates contou com a presença do deputado que presidiu a audiência pública; do promotor de Justiça do Ministério Público do Amapá, Wueber Penafort; da vereadora de Macapá, Margleide Alfaia (PDT); do representante do Centro de Valorização da Educação da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Cláudio Afonso Soares; do coordenador do projeto Help, Alexandre Fonseca Rodrigues; do coordenador estadual do projeto Depressão Tem Cura, Davi Silva; de Jane Borges, voluntária e vice-coordenadora do Centro de Valorização da Vida (CVV) de Macapá; do Conselho de Psicologia, representado pela psicóloga e conselheira Adriana Barbosa Ribeiro, acompanhada do psicólogo Nazir Rachid; de João Gomes Marques Neto, conselheiro tutelar da Zona Sul; de conselheiros tutelares da Zona Oeste; e do doutor Washington Brandão, do Ambulatório de Atenção à Crise Suicida (Ambacs).
Na abertura, o deputado reafirmou a prioridade de seu mandato no cuidado com a vida e com o cidadão. “Preservar a vida é a máxima de nossa atuação parlamentar. O suicídio é uma questão de saúde pública que atinge indivíduos de todas as idades, gêneros e classes sociais, e cujos impactos se estendem a famílias, comunidades e instituições. No Estado do Amapá, dados recentes apontam crescimento dos casos, o que demanda a construção de estratégias integradas e políticas públicas que envolvam o poder público, instituições de saúde, educação, organizações da sociedade civil e demais atores sociais”, alertou. Ele acrescentou que a audiência pública busca reunir informações, experiências e propostas que subsidiem a elaboração de ações concretas e integradas de prevenção, cuidado e acolhimento, contribuindo de forma efetiva para a promoção da saúde mental no Estado. Também defendeu a ampliação da conscientização e da rede de proteção permanente, com foco em políticas públicas integradas e na fiscalização das ações do Executivo.
Cláudio Afonso Soares, representando a Educação, reforçou a necessidade de ações preventivas nas escolas. “Trabalhamos com a Comissão de Mediação Escolar, que atua na formação integral da criança e do adolescente, para que tenham desde cedo visão de autocuidado e autoaceitação. É preciso agir antes da emergência”, ressaltou.
O promotor de Justiça do Ministério Público do Amapá, que atua na área da saúde, Wueber Penafort, destacou que o suicídio é um tema complexo e sutil, sendo ainda um tabu. “Quem está sofrendo de depressão, que é o início de tudo, não quer falar, e quem está por perto não quer ouvir. Essas são duas barreiras iniciais. O nosso papel é orientar as pessoas e as famílias sobre onde buscar canais de ajuda. Acho que o principal legado desta audiência pública foi constatar que temos várias iniciativas de entidades que precisam sair do papel”, frisou, chamando atenção para a necessidade de reduzir os índices. “Não estamos conseguindo baixar o nosso nível de suicídio no estado entre os jovens de 15 a 19 anos. Somos campeões do Brasil de suicídio nessa faixa etária, que é a de formação. Precisamos mudar esse índice. No ranking nacional, estamos há cinco anos sem baixar nossa posição, sempre entre o 7º e o 8º estado do país. Talvez falte mudar a estratégia, unindo esforços entre entidades privadas e públicas, para produzirmos um resultado diferente”, avaliou.
A Região Norte registrou 1.229 casos de suicídio em 2024, uma redução de 4,8% em relação a 2023, quando foram contabilizadas 1.291 ocorrências. Os dados são do Mapa da Segurança Pública 2025, divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Apesar da queda no total regional, alguns estados tiveram aumento. Rondônia registrou crescimento de 14,29% e Roraima de 12,12%. Já o Amazonas apresentou a maior redução proporcional da região, com queda de 34,01% em relação ao ano anterior. Acre (-18,58%) e Amapá (-14,10%) também tiveram reduções significativas. No cenário nacional, o Brasil somou 16.218 casos em 2024, uma diminuição de 1,44% em comparação com 2023.
Estudantes e professores da Escola Estadual Carlos Alberto Viana Marques, no Conjunto Habitacional Miracema, localizado às margens da Rodovia Norte e Sul, participaram do evento. A diretora da escola, Edilei Azevedo dos Santos, falou em nome dos homenageados.
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