Cidades

Novembro começa e desafio é lidar com mais de 70 mil casos anuais de câncer de próstata

Apesar dos avanços científicos e tecnológicos, a grande barreira ainda é o diagnóstico tardio. O câncer de próstata tende a evoluir de forma silenciosa


 

Cleber Barbosa
Da Redação

 

O câncer de próstata continua sendo um dos maiores desafios da saúde masculina no Brasil e no mundo. Segundo o Globocan, da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC/OMS), mais de 1,4 milhão de novos casos são diagnosticados anualmente no planeta, resultando em cerca de 397 mil mortes por ano. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima 71.730 novos diagnósticos anuais. A doença responde por três em cada dez diagnósticos de câncer em homens, consolidando-se como, excluindo o câncer de pele não melanoma, o tumor mais frequente entre a população masculina.
As estimativas revelam desigualdades regionais expressivas. O Sudeste concentra mais de 34 mil casos anuais, seguido pelo Nordeste, com cerca de 21 mil. O Sul deve registrar 8,5 mil, o Centro-Oeste aproximadamente 5 mil, e o Norte mais de 2 mil novos diagnósticos a cada ano. Estados como Bahia (79 casos a cada 100 mil homens) e Espírito Santo (72 por 100 mil) apresentam as maiores taxas de incidência, o que reflete não apenas fatores populacionais e genéticos, mas também diferenças na capacidade de rastreamento e diagnóstico.
Rastreamento precoce
Apesar dos avanços científicos e tecnológicos, a grande barreira ainda é o diagnóstico tardio. O câncer de próstata tende a evoluir de forma silenciosa. De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), Rodrigo Nascimento Pinheiro, o rastreamento a partir dos 45 anos é essencial, especialmente em homens com fatores de risco, como histórico familiar e ascendência negra. “O diagnóstico precoce possibilita o tratamento curativo, muitas vezes com técnicas minimamente invasivas e melhores resultados funcionais, como a cirurgia robótica incorporada recentemente no SUS.”, explica Pinheiro.
A recomendação é que todos os homens realizem dosagem do PSA (antígeno prostático específico) e o exame de toque retal anualmente a partir dessa idade. Em casos de risco elevado, o acompanhamento deve começar antes dos 45 anos. O diagnóstico precoce não apenas aumenta as chances de cura, mas também reduz a necessidade de terapias mais agressivas, o que impacta diretamente na qualidade de vida e nos custos para o sistema de saúde.
De acordo com dados internacionais do National Cancer Institute (EUA), 69% dos casos são detectados ainda localizados, o que garante 100% de sobrevida em cinco anos. Quando o tumor já apresenta metástase, esse índice cai para 37,9%, uma diferença que ilustra a importância do diagnóstico precoce.

Fatores de risco
O envelhecimento é o principal fator de risco para o câncer de próstata, sendo a doença mais comum após os 50 anos. Outros fatores incluem histórico familiar, raça negra, sedentarismo e obesidade, esta última associada a maior agressividade tumoral e risco de recidiva. “Além das visitas regulares ao especialista e exames para prevenção secundária (diagnóstico precoce), há atitudes que fazem diferença para a saúde como um todo, que são de prevenção primária, como manter uma alimentação equilibrada, reduzir consumo de álcool, praticar atividade física regularmente e evitar o tabagismo”, ressalta o presidente da SBCO.


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