O sentido da conferência do clima, uma COP para os Amazônidas chamarem de sua
Para os amazônidas, esta não é apenas mais uma conferência; é a confirmação do seu papel central na luta global contra a crise climática

Cleber Barbosa
Da Redação
A Amazônia não é apenas um cenário para as negociações climáticas globais; é o epicentro da crise e da solução. A realização da COP30 em Belém, em novembro de 2025, transcende o simbolismo e impõe uma responsabilidade sem precedentes: a de garantir que as vozes de quem vive e protege a floresta há séculos sejam, finalmente, as principais na mesa de decisões.
Durante décadas, as Conferências das Partes (COPs) foram marcadas por debates técnicos e diplomáticos, muitas vezes distantes da realidade das populações mais afetadas pelas mudanças climáticas. A “COP das Florestas”, como vem sendo chamada a COP30, tem a chance de quebrar esse ciclo. Os amazônidas – indígenas, ribeirinhos, quilombolas, extrativistas e moradores das cidades da região – possuem um conhecimento ancestral e prático sobre a sustentabilidade e a conservação da biodiversidade que é insubstituível. Ignorar essa sabedoria é o mesmo que tentar apagar um incêndio sem usar água.
O desafio é fazer com que a COP30 não seja apenas um evento “na” Amazônia, mas um evento “da” Amazônia.
Isso significa, protagonismo na pauta: As propostas de mitigação e adaptação devem refletir as necessidades e as soluções pensadas pelas comunidades locais.
Garantia de participação: Superar barreiras logísticas e políticas para que representantes legítimos dos povos da floresta tenham acesso e voz ativa em todos os fóruns de negociação.
Financiamento direto e justo: Garantir que o financiamento climático chegue diretamente a quem está na linha de frente da proteção ambiental, e não apenas aos grandes projetos governamentais ou corporativos.
A sociedade civil, os movimentos sociais e os artistas locais, como Fafá de Belém, já alertaram para o risco de uma COP que ocorra na Amazônia sem, de fato, ouvir a Amazônia. A COP30 deve ser o momento de virada, onde o mundo reconhece que a preservação da floresta tropical em pé passa, obrigatoriamente, pelo bem-estar e pelo direito de escolha de seus guardiões.
Para os amazônidas, esta não é apenas mais uma conferência; é a confirmação do seu papel central na luta global contra a crise climática. É a oportunidade de, enfim, terem uma COP para chamar de sua. O sucesso do evento dependerá da capacidade do Brasil e da comunidade internacional de assegurar que essa apropriação seja real e efetiva.
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