Presidente da Associação dos Ostomizados pede apoio dos deputados para efetivação de lei
Rosilete do Carmo também solicitou o cumprimento da lei e destacou a importância de ampliar as cirurgias de reversão intestinal

Para ampliar a visibilidade, o reconhecimento e a voz das pessoas com ostomia, a presidente da Associação dos Ostomizados do Amapá (AOAP) e vice-presidente da Associação Nacional do Movimento dos Ostomizados do Brasil, Rosilete do Carmo, utilizou a tribuna da Assembleia Legislativa do Amapá (Alap) na manhã desta quarta-feira (12), a convite do deputado Jack JK (Solidariedade), durante o Grande Expediente da sessão ordinária.
Em sua fala, Rosilete cobrou do poder público mais atenção a esse público e destacou o Novembro Verde, mês de conscientização sobre a ostomia, instituído no Amapá pela Lei nº 2.990/2023, de autoria do deputado Jack JK. O Dia Nacional dos Ostomizados é celebrado em 16 de novembro.
“Esta lei veio para promover a divulgação da ostomia, porque a falta de conhecimento ainda é um dos grandes entraves que enfrentamos na rede pública — não apenas no Estado, mas em todo o país. As pessoas desconhecem a pauta, e isso gera grande dificuldade para que o ostomizado se sinta acolhido e tenha o processo de aceitação”, destacou Rosilete do Carmo, informando que, neste ano, a campanha tem como tema: ‘Ostomia: o país ignora. Nós não!’
De acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), o Brasil possui cerca de meio milhão de pacientes ostomizados. Desse total, pouco mais de 800 vivem no Amapá e enfrentam diversas dificuldades. Rosilete citou que, dos cinco Centros Estaduais de Reabilitação (CER) existentes no Estado, apenas três estão em funcionamento — os demais ainda não foram habilitados.
“Quando um CER deixa de funcionar, a reabilitação deixa de acontecer. E a reabilitação é fundamental: é um direito da pessoa com deficiência. A lei determina que sejamos tratados de forma especial. Quando falta a reabilitação, faltam também os insumos. Eu uso uma bolsa acoplada ao meu abdômen e, sem esse equipamento, eu e todos os ostomizados aqui presentes não poderíamos estar nesta galeria. Esta bolsa garante nossa dignidade”, ressaltou.
A presidente da AOAP também solicitou o cumprimento da lei e destacou a importância de ampliar as cirurgias de reversão intestinal. Segundo ela, mais de 80 pacientes estão aptos a realizar o procedimento, e o custo da reversão é menor para o poder público do que a manutenção permanente dos pacientes com a bolsa coletora.
“Muitos de nós estamos ficando na condição de pessoas mutiladas, porque a cirurgia de reversão não está chegando até nós”, afirmou Rosilete, informando que o Hospital Universitário (HU) — único habilitado no Estado para realizar o procedimento — realizou apenas uma cirurgia em 2025. “Isso nos deixa muito tristes”, lamentou.
Em aparte, a deputada Telma Nery (Cidadania) destacou a importância da pauta. “Quem vive a necessidade de uma cirurgia de reversão passa por uma agonia enorme. Muitas vezes, não há recursos para custear o procedimento, e quanto mais o tempo passa, pior fica. Em alguns casos, pode até se tornar irreversível”, alertou a parlamentar, relatando que já utilizou uma bolsa de colostomia e realizou a reversão com sucesso. “A minha mãe usa uma bolsa de colostomia”, acrescentou.
De forma online, o deputado Jack JK, que está em Belém (PA) participando da COP 30, manifestou apoio à causa. “Estou ao lado do governador Clécio aqui na COP e vou levar sua reivindicação para que possamos garantir a realização de mais cirurgias de reversão”, afirmou o parlamentar.
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