Feiras dos produtores iniciam diversificação do setor agropecuário do Amapá
Mais do que espaço de compras, locais se tornaram pontos de convivência, onde a relação entre agricultor e consumidor criou vínculo forte e permanente — quase umbilical.

Evandro Luiz
Da Redação
Com a redução das atividades nas fazendas modelo localizadas nos municípios de Amapá e Tartarugalzinho — devido ao alto custo do transporte da produção até Macapá —, o governo do então território federal do Amapá decidiu investir na diversificação do setor agropecuário.
Após estudos técnicos, identificou-se uma pequena localidade ao sul da capital como o espaço ideal para impulsionar o desenvolvimento da agricultura e da pecuária. O local, às margens do rio Amazonas e a apenas 12 quilômetros do centro da cidade, oferecia condições favoráveis para o cultivo e a criação de animais.
Nesse novo cenário, as hortaliças passaram a ganhar destaque, assim como os pequenos criadores de suínos, caprinos e galinhas, que ampliaram a produção de ovos e carne. O desafio, porém, era atrair a população para a pequena fazenda e incentivar o consumo dos produtos locais.
Para isso, o governo disponibilizou transporte gratuito aos consumidores interessados em conhecer o espaço e adquirir produtos frescos. A iniciativa foi bem recebida e levou à criação de um dia fixo de comercialização: todas as quintas-feiras, a produção da semana era colocada à venda diretamente ao público.
O ponto alto desse movimento ocorria no dia 13 de setembro, data que simbolizava o esforço do produtor rural. No entanto, por questões político-partidárias, o projeto acabou perdendo força.
Somente em 2005 os agricultores retomaram a tradição, desta vez ocupando as ruas da cidade de forma simples e improvisada. Mesmo assim, a força do homem do campo prevaleceu. Com o apoio do governo estadual, caminhões passaram a buscar produtores nas comunidades do interior, transportando-os junto com suas mercadorias até a capital.
Além de vender seus produtos, os agricultores também aproveitavam a viagem para fazer compras e suprir suas necessidades básicas.
Nessa retomada, uma das feiras mais procuradas era a que funcionava atrás da Igreja São José, no Largo dos Inocentes. Era o início de um novo ciclo para o setor, que aos poucos foi se consolidando na economia do estado.
Atualmente, as feiras estão presentes em praticamente todos os bairros de Macapá, gerando emprego, renda e oportunidades. Entre elas, destaca-se a Feira do Buritizal, reconhecida pela grande variedade de produtos à disposição dos consumidores.
Até mesmo atravessadores se beneficiam do que é produzido. Os produtos que não são vendidos no dia — o chamado excedente — são repassados a intermediários que enxergam ali uma chance de comercializar itens novos e de qualidade.
Mais do que um espaço de compras, as feiras se tornaram pontos de convivência, onde a relação entre agricultor e consumidor criou um vínculo forte e permanente — quase umbilical.
Deixe seu comentário
Publicidade


