“Natal nos convida à reconciliação, à paz e ao fortalecimento da família”
Em entrevista à Diário FM, bispo diocesano de Macapá fala sobre o sentido do Natal, o papel da juventude, os desafios da Igreja no Amapá e a importância da família para a salvação da humanidade. Às vésperas do Natal, a Rádio Diário FM conversou com o bispo diocesano de Macapá, Dom Antônio de Assis Ribeiro. Em um bate-papo marcado pela espiritualidade, reflexão e compromisso social, o líder da Igreja Católica no Amapá destacou o verdadeiro sentido do Natal, a atenção especial à juventude, os desafios da extensa Diocese de Macapá e deixou uma mensagem de fé, paz e esperança para todas as famílias amapaenses.

Cléber Barbosa
Da Redação
Diário do Amapá – Dom Antônio, estamos vivendo a véspera do Natal, um tempo litúrgico muito importante para os cristãos. É uma honra recebê-lo na Rádio Diário FM. O rádio ainda tem um papel relevante na vida das pessoas?
Dom Antônio de Assis Ribeiro – Sem dúvida. Eu creio que o rádio sempre será um instrumento eficaz, necessário e muito importante de comunicação. Ele entra em todos os contextos, chega a lugares onde outros meios não chegam, e isso é muito significativo, especialmente para o nosso povo.
Diário – Hoje o rádio também dialoga com a internet e as redes sociais. Antes de assumir a Diocese de Macapá, o senhor teve uma atuação forte junto à juventude em Belém. Como o senhor encontra a juventude do Amapá?
Dom Antônio – Esse carinho com a juventude é consequência do carisma da congregação à qual pertenço. Sou salesiano, e Dom Bosco fundou a congregação com a missão de cuidar da educação e da evangelização dos jovens. Em Belém, trabalhei por oito anos com atenção especial à juventude, sem esquecer o conjunto do rebanho, e aqui no Amapá seguimos nessa mesma linha. Os jovens enfrentam grandes desafios, inclusive dados alarmantes de criminalidade e recrutamento por facções. Precisamos trabalhar fortemente na prevenção. Quanto mais cuidarmos dos jovens hoje, mais serenidade teremos no futuro.
Diário – Dom Antônio, dentro do calendário litúrgico, é possível dizer qual é o tempo mais importante: o Natal ou a Páscoa?
Dom Antônio – Não podemos hierarquizar os mistérios de Cristo. Todos estão unidos e são inseparáveis. Não existe ressurreição sem o nascimento, nem nascimento sem a missão do Messias. Cada tempo litúrgico ressalta um aspecto específico: no Natal, a encarnação; na Páscoa, a paixão, morte e ressurreição. Fragmentar esses mistérios seria um atentado contra a unidade da Cristologia.
Diário – O senhor celebra hoje a Missa do Natal na Catedral de São José. Qual o horário e como funciona essa programação nas demais igrejas?
Dom Antônio – Na Catedral, celebraremos às 19 horas. Nas demais paróquias há uma diversidade de horários, geralmente entre 19 e 20 horas, conforme a organização de cada comunidade. O importante é celebrar o nascimento do Salvador.
Diário – A tradição da Missa do Galo continua?
Dom Antônio – Sim, continua. Antigamente era celebrada à meia-noite, quando o galo cantava. Hoje, por questões de segurança, o galo canta mais cedo, mas o sentido permanece o mesmo: fazer memória do nascimento de Jesus Cristo.
Diário – A Diocese de Macapá tem uma das maiores extensões territoriais do país. Como é esse desafio pastoral?
Dom Antônio – A Diocese envolve os 16 municípios do Amapá e ainda ilhas do Pará, de Gurupá até Afuá. São 30 paróquias, cada uma com uma rede de comunidades. Já estive em todas as paróquias, mas ainda não em todas as comunidades. Isso exige planejamento e um calendário bem articulado ao longo do ano.
Diário – Esta também é a sua primeira Missa do Galo como bispo diocesano de Macapá, assim como o Papa celebra sua primeira como líder da Igreja. Qual o significado desse momento?
Dom Antônio – É um momento muito especial. Tanto para o Papa quanto para mim, é a primeira Missa do Natal à frente do rebanho que nos foi confiado. Seguimos essa tradição para alimentar a fé do povo de Deus.
Diário – Para encerrar, qual mensagem o senhor deixa para o povo do Amapá nesta noite de Natal, em um Estado laico, mas de maioria cristã?
Dom Antônio – O Natal, para quem tem fé, é a memória do nascimento do Senhor. Ele nos convida à paz, à solidariedade, à reconciliação e à bondade. Deus, para salvar a humanidade, começa pela família. Que possamos valorizar mais a família, tornando-a um ambiente de paz, bem-estar e amor. Que essas lições do Natal permaneçam em nossos corações.
Perfil
Dom Antônio de Assis Ribeiro – É o quinto bispo da Diocese de Macapá e pertence a Congregação Salesiana. Ele é filho de Hipólito dos Santos Ribeiro (falecido, agropecuarista) e Domingas de Assis Ribeiro (agricultora, dona de casa). O religioso é o quinto filho de uma família de 11 irmãos (oito homens e três mulheres). O novo bispo de Macapá nasceu no dia 26/07/1966 (58 anos) na zona rural do município de Capitão Poço, no nordeste do Pará.
Festas religiosas tradicionais no Amapá, como o aniversário do padroeiro de Macapá, São José, já serão conduzidas por Dom Antônio Assis Ribeiro.
BREVE BIOGRAFIA
-Antônio de Assis Ribeiro estudou no Colégio Padre Ângelo Moretti na cidade de Ourém (PA). Concluiu seus estudos de filosofia em Manaus (1987–1990) e depois na Universidade Católica de Brasília. Em Roma, estudou Teologia na Pontifícia Universidade Salesiana (1991–1994) e obteve o mestrado em Teologia Moral na Academia Alfonsiana (1997–1999).[1]
– Com mais de 20 anos de atuação na indústria mineral, sendo 15 dedicados ao Estado do Amapá, construiu sólida expertise nas áreas operacional, ambiental, regulatória e estratégica do setor.
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