Douglas Lima

Saudade pra sempre

Amei o professor Lobo. Escrevi muito sobre ele; li muito o que ele escreveu. Daí esta saudade que sempre estará em meu coração.


• Nesta edição me refiro a uma saudade que vem de pouco antes de findar 2016, representando uma amizade que vinha há mais de 20 anos e uma vida octogenária. Falo do professor Raimundo Pantoja Lobo. Não fui aos seus funerais. Falha minha. Porém meu pensamento, o impacto causado pela sua morte em meu ser perdura até hoje. Sempre terei o professor Lobo no coração. Um homem simples, caboclo, sincero. Apesar de culto, nunca perdeu o timbre nativo do Aporema. Falando um português correto, jamais deixava de trair a sua origem , seja pelo sotaque amazônico, seja pelos gestos ou ainda pelos trejeitos do corpo. Raimundo Pantoja Lobo, até aos 18 anos analfabeto, tornou-se uma das maiores sumidades da Língua de Camões, herdada pelo Brasil. Ele também era uma sumidade na observação da natureza, dos costumes dos bichos. Arpoava como ninguém, zagaiava como ninguém, e ninguém conseguiria suplantá-lo no jogar de uma tarrafa, na caça a uma capivara. Lobo era do campo e da várzea, da cidade também. Por muito tempo foi meu consultor nas dúvidas que me passavam sobre o vernáculo luso brasileiro. Involuntariamente era revisor do Jornal Diário do Amapá. Um errinho que tivesse em cada edição, corrigia-me, puxava-me a orelha, repreendia-me. Amei o professor Lobo. Escrevi muito sobre ele; li muito o que ele escreveu. Daí esta saudade que sempre estará em meu coração.

 


Pastor.
Dom Pedro, o bispo de Macapá, viaja hoje ao Bailique com uma turma de seminaristas. É o pastor seguindo a um lugar onde, pela tranquilidade e contato com a natureza, pode fluir muita espiritualidade. Decerto, serão construídas belezas místicas em proveito das ovelhas não só do Bailique, mas também de todo o estado do Amapá, por onde o pastor e futuros pastores ainda hão de percorrer. Ontem, participei de Missa rezada por Dom Pedro, na Igrejinha de São José. Depois, tive rápida conversa pessoal com ele. O bispo chegou até a me absolver de pecados por mim cometidos, depois de dizer que não adianta a pessoa entrar em conflito interno, por nada, desde que acredite em Deus, porque o Divino a tudo prover, a tudo gratuitamente distribui a sua Graça. Obrigado, Dom Pedro.

 

Inversão de significados. Política, no seu significado etimológico, é a arte ou ciência de bem governar o povo; arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou estados. Ora, a respeitabilidade dada à ciência é decorrente do seu critério de funcionamento: abordagem, experimentação e conclusão. Bem, em termos de Brasil e de muitos países, no que se refere à política, a ciência não pode ter crédito, por ser desacreditada. Aqui no Brasil até a Constituição Federal é desrespeitada para favorecer político corrupto na linha sucessória da Presidência da República. Neste país, parlamentar condenado, recolhido na cadeia, continua tendo o cargo e o status de deputado. Tem gente que sai do xadrez pra assumir cargo eletivo. O pior: além da população pagar esses elementos como presidiários, ainda tiramos do bolso recursos para os remunerar como parlamentares. “É uma vergonha”, diria Boris Casoy (foto). Mas há quem diga que isso acontece porque vivemos numa democracia que, por sua vez, significa governo do povo, para o povo e pelo povo. Outra falácia: o povo não manda nada. Só faz votar. Quem manda, quem governa, são os eleitos que não estão estão nem aí para os significados de política e democracia. E assim o Brasil continua desacreditado pelo mundo.


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