Presidente da CEA diz a deputados que privatização da empresa é inevitável
Para Lemos, as esperanças de que a CEA permaneça sob a propriedade majoritária do estado do Amapá se esvaía a cada ponto explanado por Marcelino, que expôs aos parlamentares uma dívida que ultrapassa R$ 2,7 bilhões

Paulo Silva
Da Editoria de Política
A diretoria da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) esteve nesta terça-feira (11/4) no plenário da Assembleia Legislativa do Amapá (Alap), para esclarecer os deputados quanto à necessidade de “tentativa” de privatizar a companhia, o que deve ocorrer até fevereiro do ano que vem. As explicações feitas pelo presidente da companhia, Marcelino da Cunha Machado Neto, foram consideradas pelo deputado Paulo Lemos (Psol) como complexas e pouco esclarecedoras para tão pouco tempo de debate, que durou pouco mais de duas horas.
Para Lemos, as esperanças de que a CEA permaneça sob a propriedade majoritária do estado do Amapá se esvaía a cada ponto explanado por Marcelino, que expôs aos parlamentares uma dívida que ultrapassa R$ 2,7 bilhões, contra um patrimônio estabelecido hoje de pouco mais de R$ 40 milhões. “Ou seja, há um desequilíbrio muito grande nas contas e, inevitavelmente, não evitaremos a privatização”, sentenciou o presidente da companhia.
O deputado Paulo Lemos, que já se declarou contrário à privatização, avalia que faltou mais empenho do governo em negociar a dívida com a União. “Não saberemos quanto a um possível perdão da dívida pelo governo federal, pois isso não foi negociado. E o mais preocupante, se o governo absorverá os servidores da CEA; de que forma isso acontecerá, para onde serão remanejados e quais seguranças serão oferecidas aos servidores?”, questiona.
Lemos exigiu que o governo do Amapá defina esses pontos em relação aos servidores da CEA em um documento escrito. Os defensores da proposta de privatização, aliados do governo na Casa, dizem não ser necessário. “É importante embasar essa proposta para que os trabalhadores não saiam perdendo neste processo”, rebate Lemos.
No entendimento do parlamentar, a privatização da CEA é a luz cara no fim do túnel e a população é quem pagará pelo desleixo histórico das más gestões ao longo de décadas. Os consumidores já sofrem com uma tarifa alta, levando-se em conta a qualidade do serviço, em função da cobrança das bandeiras tarifárias, referentes ao nível de abastecimento dos reservatórios de outras regiões, pelo fato de fazer parte do Sistema Integrado Nacional (SIN).
“Os debates quanto à privatização não podem terminar por aqui, embora reconheça que a companhia está em uma situação complicada. Precisamos ainda deliberar quanto à situação dos servidores”, considerou o parlamentar.
Quanto ao empréstimo feito em 2013, pelo governo do estado ao Banco Nacional para o Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para evitar a caducidade da empresa à época, no total de 1,2 bi, Marcelino da Cunha diz que a dívida não se inclui no total dos passivos bilionários atuais, já que foram aportados pelo GEA. “Mesmo assim, é um débito que pagaremos por duas décadas e sem ter havido nenhuma solução para os problemas da CEA”, completou Lemos.
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